Tumulto nos bancos atira bitcoin para máximo de nove meses

Apesar dos riscos, criptomoedas estão a contrariar a tendência dos mercados financeiros, pelo menos por agora. Bitcoin acelerou recuperação e já negoceia ao preço mais alto dos últimos nove meses.

A turbulência na banca tem estado a animar o mercado das criptomoedas. A mais popular de todas, a bitcoin, troca de mãos esta segunda-feira a preços que não eram vistos desde junho do ano passado, isto é, um máximo de nove meses. O valor ronda os 28 mil dólares (26 mil euros), apesar do sentimento negativo que se instalou nos mercados regulados e dos potenciais efeitos secundários que uma crise financeira poderia provocar nos criptoativos.

Os últimos dias foram marcados pelo colapso de dois bancos norte-americanos, o banco Silicon Valley (SVB) e o Signature. As ondas de choque cruzaram o Atlântico e deixaram o europeu Credit Suisse em maus lençóis. Com o banco suíço a perder depósitos a uma velocidade crítica, o banco UBS aceitou comprar o rival por mais de três mil milhões de euros neste domingo, num negócio que teve a bênção do Banco Nacional Suíço e do Governo desse país.

Os investidores ainda estão a digerir os recentes acontecimentos no setor bancário, que acordaram o fantasma da crise financeira e estão a propalar o preço a que se transacionam criptomoedas em dólares e euros nas principais corretoras. De acordo com a plataforma de preços CoinMarketCap, o valor da bitcoin já engordou quase 30% nos últimos sete dias.

Para Tony Sycamore, analista da IG Markets, a valorização da bitcoin, tendência transversal às principais criptomoedas, “é o resultado da crise bancária” e dá-se numa altura em que os mercados obrigacionistas incorporam possíveis “cortes nos juros na segunda metade de 2023”, afirmou, citado pela Reuters.

A bitcoin tem agora um valor de mercado de 547 mil milhões de dólares, aproximadamente, representando a fatia de leão do valor de mercado de 1,2 biliões de dólares (trillions, em inglês) das quase 23 mil criptomoedas seguidas pela CoinMarketCap. Depois de o valor da bitcoin ter afundado no ano passado, a criptomoeda já disparou mais de 70% desde 1 de janeiro de 2023.

Bitcoin recupera mais de 70% desde janeiro

Fonte: CoinMarketCap

Olhando para outras criptomoedas, o Ethereum, a segunda criptomoeda mais popular, negoceia perto dos 1.800 dólares (mais de 1.600 euros), tendo acumulado um ganho de 13% nas últimas sete sessões e recuperando quase 50% do valor desde o princípio do ano.

Criptos expostas a riscos

Os cripto investidores estarão particularmente atentos para perceber se este rally das criptos tem sustento. Durante o ano passado, o valor das criptomoedas foi duramente castigado, tal como a generalidade dos ativos de risco. Nesta altura, porém, a subida acontece num momento em que os mercados financeiros regulados estão sob pressão do pessimismo e dos receios em torno da estabilidade do sistema financeiro.

No entanto, há importantes sinais a ter em conta. Antes da queda do SVB em meados deste mês de março, o pequeno banco de criptomoedas Silvergate entrou em liquidação “à luz dos desenvolvimentos recentes na indústria e na regulação”. Segundo a CNBC, a falida corretora cripto FTX era um dos principais clientes deste banco, que tinha 11 mil milhões de dólares em ativos (em comparação com os 114 mil milhões do Signature, que também era considerado um banco amigo das criptomoedas).

Além disso, são imprevisíveis as consequências das ondas de choque que a turbulência nos mercados e na banca pode vir a ter nas criptomoedas, provavelmente, um dos ativos de maior risco.

No fim de semana depois do colapso do SVB, uma importante “criptomoeda estável” (stablecoin) desenhada para imitar o valor do dólar (1 USDC = 1 USD) afundou para cerca de 0,9 dólares, depois de a empresa responsável, a Circle, ter revelado que tinha 3,3 mil milhões de dólares bloqueados nesse banco. O valor entretanto recuperou na totalidade depois de a Circle ter assegurado que conseguiu reaver o dinheiro, segundo a mesma estação televisiva.

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