“Banca portuguesa não sente nenhuma turbulência em termos de levantamentos” de depósitos, garante Paulo Macedo

O CEO da Caixa diz que a exposição do banco público ao Credit Suisse era "ínfima" e que não vai apertar as regras de concessão de crédito, "pelo contrário".

O presidente executivo da Caixa Geral de Depósitos, Paulo Macedo, garante que não há efeito de contágio da crise no Credit Suisse e nos bancos regionais americanos ao sistema bancário português. Diz também que a solidez financeira permite fazer face “a impactos de uma dimensão muito significativa”.

“Queria salientar que a banca, designadamente portuguesa e europeia, tem estado relativamente tranquila. A banca portuguesa não tem nenhum efeito de contágio quer com o Credit Suisse quer com aquele tipo de bancos [regionais americanos]“, afirma o CEO da Caixa em declarações ao ECO, à margem da conferência “Querer e Crescer: Acelerar o Crescimento de Portugal”, organizada pela Associação Business Roundtable Portugal, que decorreu esta segunda-feira na Nova SBE, em Carcavelos.

A banca portuguesa não só está muito melhor, com dados concretos, como neste momento não sente nenhuma turbulência em termos de levantamentos, nem pedidos estranhos. Há uma grande normalidade na banca em Portugal e obviamente na Caixa Geral de Depósitos”, reforçou Paulo Macedo. Sobre a exposição do banco público ao Credit Suisse, o responsável diz que é “ínfima”, “sem expressão” e “está a ser resolvida”.

O colapso do Silicon Valley Bank no dia 10 de março lançou a incerteza no setor financeiro, contagiando outros bancos regionais e de média dimensão nos EUA. As ondas de choque atingiram também o Credit Suisse, o segundo maior banco suíço. No domingo, foi anunciada a sua aquisição pelo UBS, numa operação forçada pelo banco central, de forma a tentar estabilizar o sistema bancário.

Para o CEO da Caixa, “será necessário algum tempo” para que a confiança seja restabelecida, “designadamente em relação ao Credit Suisse e aos bancos americanos daquele segundo tier“. Há também “lições que têm de ser aprendidas”, considerou.

A monitorização ter menos obrigações para bancos daquela dimensão do que para um banco semelhante na Europa, é, de certeza, uma das razões que contribuiu [para o colapso], para além das características do próprio banco e ter depósitos essencialmente de empresas”, apontou Paulo Macedo. Por ter ativos inferiores a 250 mil milhões de dólares o Silicon Valley Bank estava isento dos requisitos de supervisão mais apertados e não era sujeita a testes de stress. “Isso é uma lição a ter e eventualmente as autoridades americanas irão pensá-lo e fazê-lo a seu tempo”, conclui.

Na parte suíça, a intervenção ter sido feita num fim de semana permitiu que não houvesse um efeito sistémico.

Paulo Macedo

CEO da CGD

O presidente executivo do banco público elogia, no entanto, a reação rápida de reguladores e bancos centrais. “Houve intervenções rápidas quer por parte das autoridades americanas, quer por parte das autoridades suíças. Penso que foram de modo a estabilizar, de acordo com a informação que é conhecida, os mercados. Na parte suíça, a intervenção ter sido feita num fim de semana permitiu que não houvesse um efeito sistémico. Globalmente, não vemos riscos adicionais neste momento”, afirma Paulo Macedo.

Caixa não vai restringir crédito, “pelo contrário”

“O que a banca portuguesa pode ser afetada é pela mudança de condições em termos internacionais e geopolíticos, o que não aconteceu e nós não prevemos que aconteça. Por outro lado, vale a pena dizer que os bancos portugueses, designadamente a Caixa Geral de Depósitos, tem uma solidez financeira que lhe permite ter impactos de uma dimensão muito significativa“, tranquiliza o CEO.

Vale a pena dizer que os bancos portugueses, designadamente a Caixa Geral de Depósitos, tem uma solidez financeira que lhe permite ter impactos de uma dimensão muito significativa.

Paulo Macedo

CEO da Caixa

O banco público não vai restringir a concessão de empréstimos devido à incerteza no setor, garante Paulo Macedo: “Nós não vamos alterar as nossas regras de concessão de crédito, pelo contrário. Digo-lhe aqui e reafirmo que queremos dar mais crédito, porque temos liquidez a mais”.

O gestor sublinhou ainda a importância da rentabilidade dos bancos para poderem resistir a crises. “Neste momento se calhar as pessoas já estão a pensar duas vezes antes de dizer que a banca tem lucros excessivos. A banca tem de ter lucros para poder acomodar eventuais situações de riscos, designadamente imprevisíveis”, argumenta.

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