Banco de Portugal mais otimista com crescimento económico em 2023 à boleia do turismo
Maior dinamismo do turismo leva Banco de Portugal a rever crescimento em alta para 1,8% este ano, acima das previsões de Bruxelas, FMI e CFP. Alerta para impacto da turbulência na banca.
O Banco de Portugal está um pouco mais otimista com o crescimento da economia portuguesa em 2023. A nova projeção aponta agora para uma expansão da atividade em 1,8% este ano, 0,3 pontos percentuais acima da anterior previsão e também melhor do que as projeções das outras instituições.
Apesar de o crescimento em 2022 ter ficado ligeiramente abaixo do que previa em dezembro, o Banco de Portugal revê em alta os números para 2023 “refletindo uma evolução mais favorável das exportações de turismo e, em menor grau, do consumo privado no início do ano”, segundo aponta no Boletim Económico de março divulgado esta sexta-feira. Esta projeção de 1,8% não é uma surpresa, depois de o número ter sido desvendado pelo Presidente da República na véspera.
A previsão da instituição liderada por Mário Centeno fica acima das perspetivas das outras instituições, incluindo do Governo (1,3%), Conselho de Finanças Públicas (1,2%) e FMI e Comissão (em ambos os casos de 1%).
Apesar de rever em alta, o Banco de Portugal avisa para os riscos que podem afetar a atividade, nomeadamente a normalização da política monetária, o escalar do conflito na Ucrânia e ainda as “recentes tensões nos mercados financeiros”, provocada pela queda de vários bancos tantos nos EUA como na Europa (Credit Suisse) e cujo impacto tem ainda uma “magnitude incerta”.
É feito, aliás, um aparte para clarificar que as projeções que constam do boletim foram finalizadas antes das tensões financeiras que, admite o banco central, “que envolvem riscos de um agravamento das condições de financiamento e de deterioração da confiança dos agentes económicos”. “O potencial impacto sobre a atividade é difícil de avaliar nesta fase”, diz.
A economia deverá acelerar um pouco mais nos dois anos seguintes, com taxas de crescimento de 2% em 2024 e 2025. Em relação a 2025 trata-se de uma revisão em alta face aos 1,9% que projetava anteriormente. “A dissipação dos constrangimentos nas cadeias de fornecimento, a redução da incerteza, a recuperação do rendimento real das famílias e o recebimento dos fundos europeus deverão contribuir para a aceleração do PIB, parcialmente contrariada por condições financeiras mais restritivas”, explica o Banco de Portugal.
Enquanto a subida dos juros do Banco Central Europeu (BCE) irá condicionar o consumo das famílias, o Banco de Portugal antecipa uma retoma do investimento, “beneficiando do maior recebimento de fundos”, ainda que o indicador de formação bruta de capital fixo tenha sido revisto em baixa nos três anos da projeção.
Em todo o caso, a instituição indica que Portugal “deverá continuar a convergir com a área do euro” nos próximos anos apresentando “uma trajetória de crescimento sustentado” e fala numa melhoria dos equilíbrios macroeconómicos. Entre 2023 e 2025, o país “volta a registar um excedente nas contas externas – projetando-se um saldo de 2,3%, em média, neste período –, o que permite manter a trajetória de redução da posição devedora face ao exterior”.
Isso irá refletir “um aumento da poupança das famílias e das empresas” e na dívida pública em rácio do PIB, “situando-se em valores inferiores a 100% no final do horizonte de projeção”.
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