Supervisor suíço admite avançar com processos contra administradores do Credit Suisse

  • ECO
  • 26 Março 2023

"O Credit Suisse tinha um problema cultural que se traduzia na falta de responsabilização", disse Marlene Amstad, presidente da Finma. "Não era claro quem era responsável por quê", remata.

O supervisor suíço, Finma, está a ponderar avançar com processos contra os administradores do Credit Suisse por erros de gestão, sendo esta uma possibilidade “em aberto”.

A intenção foi revelada pela presidente da Finma, Marlene Amstad, que considera que existia uma cultura de desresponsabilização no banco. “O Credit Suisse tinha um problema cultural que se traduzia na falta de responsabilização”, disse Marlene Amstad, em entrevista ao jornal suíço NZZ am Sonntag, citada pela Bloomberg. “Não era claro quem era responsável por quê. Isso favoreceu uma gestão negligente dos riscos”, disse.

A decisão de avançar com novos processos é uma “questão em aberto”, disse a presidente da Finma, acrescentando que o supervisor helvético não é “uma autoridade com poder para aplicar a lei”, mas que está a “explorar opções”.

O Credit Suisse recusa comentar as declarações da presidente da Finma, numa altura em que o supervisor está a ser alvo de críticas pelo escrutínio à gestão do banco.

A aquisição do Credit Suisse pelo UBS aconteceu após a turbulência vivida pelos bancos nos Estados Unidos, que levou investidores a vender títulos de instituições consideradas elos fracos no sistema bancário, como o Credit Suisse, que vinha a acumular problemas há dois anos.

“A tempestade nas redes sociais obviamente não é a causa dos problemas do Credit Suisse”, disse Amstad, referindo-se ao facto de o presidente do Credit Suisse, Axel Lehman, ter acusado os meios de comunicação de terem ajudado a afundar o banco.

“O problema radica em vários escândalos e em erros de gestão nos últimos anos. O banco já vivia uma crise de reputação e confiança”, disse Amstad, que lembrou que os problemas do Credit Suisse não se limitavam a um único setor de negócios, mas antes “refletiam uma cultura de risco amplamente insuficiente”.

A líder da entidade reguladora do setor financeiro suíço reconhece que o Credit Suisse tem um número muito grande de funcionários que estava a fazer o seu trabalho de forma séria e correta.

“O banco falhou por causa de muitos escândalos e de más decisões tomadas pela administração. A administração do banco apegou-se a uma estratégia que implicava altos riscos, há muito tempo, não tendo sido capaz de administrar esses riscos adequadamente”, analisou Amstad.

“Uma cultura corporativa deficiente e erros estratégicos de julgamento por parte da administração não podem ser completamente eliminados por uma regulamentação estrita”, concluiu a presidente da Finman.

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