AHRESP diz que IVA zero não vai reduzir preços na restauração e hotelaria
AHRESP diz que IVA zero não é "suficiente" para que os restaurantes e hotéis reduzam o preço final ao consumidor, porque as margens já estão a ser esmagadas pela inflação.
A descida do IVA no cabaz essencial não vai ser “suficiente” para reduzir o preço das refeições servidas na restauração e na hotelaria.
A secretária-geral da Associação da Hotelaria, Restauração e Similares de Portugal (AHRESP), Ana Jacinto, diz que é difícil que os restaurantes e hotéis consigam reduzir o preço final ao consumidor com o IVA zero no cabaz dos bens essenciais, porque as margens já estão a ser esmagadas por uma inflação na alimentação de 21,5% e nos restaurantes de 10%.
Em entrevista à Antena1 e ao Jornal de Negócios, Ana Jacinto sublinha que estes custos estão a ser absorvidos pelas empresas e não estão a ser transferidos para o consumidor.
E apesar de no ano passado o turismo ter batido recorde e de o consumo ter recuperado, Ana Jacinto diz que todos os ganhos estão a ser consumidos pelos custos crescentes e as empresas tem “muito pouca rentabilidade”. Por isso, a dirigente da AHRESP insiste na necessidade de, durante um ano, o IVA na restauração descer para os 6%. Não para baixar o preço ao consumidor, mas para aliviar as empresas.
Para a Páscoa os sinais são positivos mas “estamos prudentes e preocupados”. Isto porque, em termos gerais, Ana Jacinto reconhece que há uma retração da procura porque os hábitos alimentares, em função do rendimento disponível, “estão a mudar”.
Sobre o pacote de apoios às famílias para mitigar o aumento do custo de vida, Ana Jacinto vê como medidas “positivas”, mas adianta que “não basta” porque “o que é verdadeiramente essencial é aliviar a carga fiscal das empresas para que possam pagar melhor”. Neste alívio da carga fiscal a AHRESP inclui também a redução da TSU.
Para Ana Jacinto, os dados da execução orçamental deviam levar a uma revisão do acordo de rendimentos porque a folga orçamental que existe “devia ser aplicada na redução dos impostos sobre o trabalho” porque “não é justo que se peça às empresas um esforço para aumentar salários sem as devidas contrapartidas”. E se nada for feito, Ana Jacinto admite que se continue a assistir a encerramentos de estabelecimentos.
Quanto às medidas propostas pelo Governo para o alojamento local no pacote Mais Habitação, Ana Jacinto considera que as medidas “não fazem sentido”, “revelam um desconhecimento profundo” e “foram longe demais”. A AHRESP, dá o exemplo, que a proposta do Governo inclui todos os estabelecimentos que não são empreendimentos turísticos e que, em alguns casos, “estão no mercado há mais de 30 anos” e são também esses empresários que agora “correm o risco de ficar sem licença”.
Ainda assim, Ana Jacinto acredita que o Governo seja sensível e reverta algumas medidas.
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