Costa quer atrair para Portugal produção europeia de semicondutores
"Há uma necessidade de diversificação das cadeias de produção de alguns bens essenciais e os semicondutores são hoje fundamentais para tudo", sustentou o primeiro-ministro, de visita à Coreia do Sul.
O primeiro-ministro afirmou esta terça-feira que um dos objetivos da sua visita à Coreia do Sul é atrair investimento de multinacionais sul-coreanas para a produção europeia de semicondutores e defendeu que autonomia estratégica económica não significa protecionismo.
Esta posição foi transmitida por António Costa no final de uma visita a uma das fábricas da multinacional sul-coreana SK Hynix, empresa que ocupa a terceira posição no ranking mundial de produtores de semicondutores.
A fábrica visitada por António Costa, a cerca 60 quilómetros de Seul, representou, segundo dados da empresa sul-coreana SK Hynix, um investimento de cerca de 100 mil milhões de euros e tem vastas áreas de produção completamente automatizadas.
Tendo ao seu lado os ministros da Economia, António Costa Silva, da Ciência e Ensino Superior, Elvira Fortunato, e das Infraestruturas, João Galamba, o líder do Executivo português voltou a advogar a necessidade de Portugal acompanhar o movimento mundial de reorganização das cadeias de valor face ao atual quadro de instabilidade na economia internacional.
“Há uma necessidade de diversificação das cadeias de produção de alguns bens essenciais e os semicondutores são hoje fundamentais para tudo“, sustentou, antes de apontar como exemplo o facto de a paralisação da produção na China, a partir do início de 2020 — devido à pandemia de Covid-19 –, ter bloqueado uma série de indústrias à escala global.
Por esta razão, de acordo com o primeiro-ministro, Portugal tem procurado “manter um diálogo com o grupo SK, tendo em vista atrair para o país a produção europeia de semicondutores”. “Neste conceito de autonomia estratégica que se tem vindo a desenvolver na Europa, Portugal tem tido uma posição muito clara sobre o significado deste conceito. Autonomia estratégica significa não ficar dependente de outros, mas não significa fecharmo-nos sobre nós próprios. Queremos atrair investimento direto estrangeiro, designadamente sul-coreano, para se produzir na Europa aquilo que a Europa necessita”, acentuou.
Em relação ao grupo SK, António Costa referiu que há contactos que estão em curso, afirmando que Portugal tem, na área dos semicondutores, “recursos humanos muito qualificados” para o design e possui já “a maior fábrica europeia” para fazer a embalagem final dos chips.
“Essa empresa tem uma ligação forte à Coreia e, agora, a SK está a estudar pontos de investimento fora dos seus locais tradicionais. Este grupo, além da produção na Coreia, tem também presença na China e gostaria de diversificar os seus locais de produção. Para nós, é uma oportunidade que devemos procurar agarrar”, defendeu.
O primeiro de dois dias da visita oficial de António Costa à Coreia do Sul começou esta terça-feira na Hanwha, empresa da área das energias renováveis que já tem presença em Portugal e que vai expandir a sua produção no país.
Entre “as empresas com quem vamos ter contacto, há umas que nunca tiveram contacto com Portugal, mas outras já têm uma posição importante, como a CS Wind”, que entrou no capital de uma empresa metalomecânica portuguesa que produz eólicas, apontou.
Na perspetiva de António Costa, Portugal “foi dos países da União Europeia que registou maior crescimento económico no ano passado e que tem uma oportunidade única nos próximos anos, sobretudo com o apoio dos fundos comunitários, de realizar uma profunda transformação da sua economia“.
“Estamos num momento muito importante que não podemos desperdiçar e em que temos de nos focar. Esta visita à Coreia do Sul é muito focada na atração de investimento direto estrangeiro, produtos que podem ajudar a transformar a nossa economia. Uma fábrica de semicondutores, por exemplo, abre as portas para muitas outras indústrias”, acrescentou.
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