Governo não arrisca novo cenário macroeconómico. O que dizem as previsões?
Últimas projeções do Governo foram inscritas no Orçamento do Estado para 2023, em outubro do ano passado. Instituições como CFP, FMI e Comissão Europeia já atualizaram este ano as previsões.
O Governo voltou a não inscrever um novo cenário macroeconómico nas Grandes Opções (GO) para 2023-2026, apenas referindo nesse documento a previsão de um crescimento económico de 6,1% entre 2019 e 2024, com base nas estimativas da Comissão Europeia. As últimas previsões de outras instituições nacionais e internacionais apontam para um crescimento entre 1% e 2% em 2023.
As últimas previsões oficiais do Governo foram inscritas no Orçamento do Estado para 2023, entregue em outubro de 2022. Apontam para um crescimento do PIB de 1,3% em 2023, um défice de 0,9% e uma redução da dívida de 4,2 pontos percentuais. A estimativa para a inflação era de 4%.
O Executivo tinha uma oportunidade para atualizar as previsões nas Grandes Opções para 2023-2026, em conjunto com o Programa Nacional de Reformas (PNR) de 2023. Um documento que tem de ser entregue no Parlamento até 15 de abril, pelo que a aprovação em Conselho de Ministros poderá acontecer esta quinta-feira. Enquanto o PNR é apresentado no âmbito do Semestre Europeu, as GO estabelecem as grandes opções em matéria de planeamento e da programação orçamental plurianual.
Mas, segundo o parecer do Conselho Económico e Social (CES), o Executivo optou por não o fazer. “O CES realça a dificuldade de analisar as previsões, dado que o cenário macroeconómico não consta em ambos os documentos. Apenas é possível retirar alguns dados, como, por exemplo, o crescimento económico previsto entre 2019 e 2024 de 6,1%. Estimativa baseada nas previsões de inverno da Comissão Europeia. Este crescimento coloca Portugal no 18.º lugar no contexto dos 27”, lê-se no parecer consultado pelo ECO.
A Comissão Europeia reviu em alta as previsões para o crescimento económico de Portugal nas projeções divulgadas em fevereiro deste ano, de 0,7% para 1% em 2023 e de 1,7% para 1,8% em 2024. Já os números da inflação em Portugal são revistos em baixa por Bruxelas, mantendo-se, ainda assim, mais pessimistas que aqueles inscritos pelo ministro das Finanças no Orçamento. As estimativas apontam para uma inflação de 5,4% este ano e de 2,6% em 2024.
Na altura, o primeiro-ministro reagiu às previsões mostrando-se confiante que os números do crescimento podem até ser melhores. Fê-lo numa publicação no Twitter. “O histórico de previsões dá-nos confiança de que os resultados serão melhores do que agora previstos (em média COM nos últimos 6 anos subestimou o crescimento do PIB em 1,1 p.p.)”, escreveu António Costa.
Já as últimas projeções do Banco de Portugal, atualizadas em março, apontam para um crescimento do PIB de 1,8% este ano e de 2% em 2024 e 2025. Quanto à inflação, a instituição liderada por Mário Centeno prevê que atinja os 5,5% em 2023, abrandando para 3,2% em 2024 e 2,1% em 2025.
O Conselho das Finanças Públicas também divulgou previsões nesse mês, onde não mexeu na estimativa de crescimento do PIB este ano de 1,2% e 1,8% em 2024. No entanto, reviu em alta as previsões para a inflação e o desemprego. Vê agora o índice harmonizado de preços acelerar 5,9% em 2023 e 3,1% em 2024, enquanto a taxa de desemprego se deverá fixar nos 6,4% nos dois anos.
As previsões mais recentes para a economia portuguesa são mesmo as do Fundo Monetário Internacional (FMI), divulgadas esta semana. A instituição está ligeiramente mais otimista relativamente ao crescimento do PIB em 2023 do que estava em outubro do ano passado: estima que o PIB nacional deverá crescer 1% este ano. Em outubro, as previsões dos economistas do Fundo apontavam para um crescimento de 0,7%.
A instituição liderada por KristalinaGeorgieva prevê ainda que Portugal registe uma dívida pública equivalente a 112,4% do PIB, cerca de 22,6 pontos percentuais acima da média da Zona Euro (89,8%). Já as Finanças estimavam uma dívida pública de 110,8%.
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