China: PIB chinês abranda, mas exportações disparam
Com a reformulação do seu modelo económico, a China vai abrandar o seu crescimento económico. No entanto, as exportações, pelo menos em março, dispararam face ao ano passado.
O Banco Mundial (BM) informou esta quinta-feira que mantém a previsão de crescimento económico para a China em 6,5%, em 2017, e de ligeiro abrandamento nos próximos dois anos, face à transição do país para um novo modelo económico. Também hoje foram divulgados os dados sobre as exportações chinesas: em março registaram um aumento de 16,4%, face a igual mês do ano passado, num sinal de aumento da procura mundial.
Durante a apresentação do relatório “Atualização económica do Leste Asiático e Pacífico”, o economista chefe do BM para a região, Sudhir Shetty, disse estar certo de que Pequim “conseguirá abordar os principais riscos” que ameaçam a sua economia.
O relatório advertiu para o aumento da dívida corporativa do país, onde as empresas, sobretudo estatais, terminaram 2016 com uma dívida equivalente a 170% do Produto Interno Bruto (PIB), de acordo com dados de organismos internacionais. A instituição recomendou a Pequim que enfrente este problema, mediante a reestruturação dos grupos estatais e lembrou a importância de fortalecer o controlo sobre o sistema bancário paralelo e abordar o crescente endividamento das famílias com o imobiliário.
O BM previu que o ritmo de crescimento da economia chinesa continue a abrandar até 6,3%, em 2018 e 2019, graças às políticas governamentais contra o excesso de capacidade de produção e aumento do crédito. Shetty sublinhou os riscos que um “abrandamento mais brusco” podiam acarretar para a região. O BM previu um esfriamento no setor imobiliário, após as restrições impostas por Pequim, visando evitar o aumento da ‘bolha’ no mercado.
As exportações devem aumentar de forma moderada, apontou o relatório. O estudo indicou ainda que a aposta de Pequim em transformar o modelo económico, tornando-o menos dependente das exportações e do investimento público, e mais centrado no consumo interno, vai produzir resultados.
Exportações disparam em março
As exportações chinesas aumentaram 16,4% em março, face a igual mês do ano passado, num sinal de aumento da procura mundial, indicam dados das alfândegas chinesas divulgados esta quinta-feira. Já as importações subiram 20,3% e atingiram 156,6 mil milhões de dólares, um ritmo menor comparativamente aos 26,4% atingidos entre janeiro e fevereiro.
A China exportou 180,6 mil milhões de dólares, um aumento de 4%, face aos primeiros dois meses do ano, de acordo com os mesmos dados. O aumento das exportações é um sinal positivo para a liderança chinesa, que está focada em assegurar postos de trabalho, enquanto enceta uma transição no modelo económico do país, visando tornar preponderante o consumo interno.
“A procura do exterior parece ter-se fortalecido”, afirmou Julian Evans-Pritchard, da consultora Capital Economics, num relatório. “Por outro lado, há sinais de que o aumento das importações, sustentando pela aceleração da economia chinesa, parece estar a abrandar”, acrescentou. O excedente chinês contraiu 20%, em termos homólogos, para 23,9 mil milhões de dólares.
A balança comercial com a União Europeia registou agora um excedente de 7,7 mil milhões, a favor da China. Com os Estados Unidos, a vantagem chinesa na balança comercial fixou-se em 17,7 mil milhões. Na quarta-feira, o presidente norte-americano, Donald Trump, removeu uma potencial ameaça para as exportações chinesas, ao afirmar que não vai rotular a China de manipulador de moeda. Na campanha eleitoral, Trump tinha prometido penalizar as importações chinesas.
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