Já não sobra nenhum gestor da equipa original nomeada por Pedro Nuno Santos para a TAP
Não ficará nenhum dos cinco administradores executivos da equipa original escolhida por Pedro Nuno Santos para a TAP. Dos não executivos, só sobrevivem metade dos administradores.
Já não sobra nenhum membro da equipa de administradores executivos da TAP nomeada pelo antigo ministro Pedro Nuno Santos para executar o plano de reestruturação da companhia aérea. Últimos elementos saem após a entrada do novo presidente executivo. Depois do Estado assumir a maioria do capital em setembro de 2020, o CEO nomeado pelos antigos donos privados da TAP foi afastado pelo então ministro das Infraestruturas. Antonoaldo Neves deixou a companhia (está agora na Etihad) e ficou como interino Ramiro Sequeira, até ser escolhida uma nova equipa por Pedro Nuno Santos.
Foi envolvida uma empresa de head hunting, a Korn Ferry, que reuniu um lote de candidatos. A escolha acabaria por recair em Christine Ourmière-Widener, que tinha sido CEO da britânica Flybe e trabalhado mais de duas décadas no grupo Air France – KLM.
A nova equipa executiva da companhia aérea foi eleita em assembleia geral a 24 de junho de 2021, num mandato esticado para quatro anos de forma a acompanhar a execução do plano de reestruturação, peça-chave na gestão da transportadora.
Além da gestora francesa, foram nomeados para a comissão executiva Ramiro Sequeira, Alexandra Reis, Sílvia Mosquera e João Weber Gameiro. Já todos saíram ou estão de saída.
O primeiro a deixar a equipa foi o administrador financeiro (CFO), João Weber Gameiro, que renunciou logo em outubro de 2021. O cargo de CFO é indicado pelo Ministério das Finanças, que apontou como substituto Gonçalo Pires, então administrador não executivo da TAP, escolhido por Pedro Nuno Santos. Começou como interino e passou a efetivo.
A segunda a sair foi Alexandra Reis, chief corporate officer e responsável pela importante área de compras, por vontade de Christine Ourmières-Widener. As razões têm sido amplamente referidas na comissão parlamentar de inquérito à TAP, envolvendo discordâncias que vão desde a implementação do plano de reestruturação à substituição de diretores pela nova CEO.
A pretexto de uma reconfiguração da comissão executiva, com a criação do cargo de chief strategy officer, para o qual Alexandra Reis não teria perfil segundo a CEO, foi negociado um acordo de saída e o pagamento de uma indemnização bruta de 500 mil euros. Deixou a companhia aérea em fevereiro de 2022. Para a nova posição foi escolhida Sofia Lufinha, vinda da Jerónimo Martins, assumindo o cargo a partir de julho.
A polémica à volta do processo de rescisão com a antiga administradora executiva só estalaria em dezembro, acabando por custar o lugar à CEO escolhida por Pedro Nuno Santos. O ministro das Finanças e o novo titular das infraestruturas anunciaram a 6 de março o afastamento de Christine Ourmières-Widener, depois do relatório da Inspeção-Geral de Finanças ter considerado ilegal o processo de cessação de funções de Alexandra Reis. A saída acabou por só se efetivar na quinta-feira passada.
Entretanto, mais uma administradora executiva decidiu abandonar a empresa. A saída de Silvia Mosquera, chief commercial & revenue officer, foi anunciada a 21 de março, alegando motivos profissionais. Ao que o ECO apurou, a falta de indicações do Governo sobre o futuro do conselho de administração na sequência da demissão da CEO contribuiu para a saída prematura.
Na audição na comissão de inquérito o administrador financeiro, Gonçalo Pires, deixou elogios ao contributo da gestora e da sua equipa para a recuperação dos resultados da TAP. Antes de entrar na companhia portuguesa, Silvia Mosquera tinha estado na Avianca, Iberia Express e Vueling. A renúncia só produz efeitos a 23 de junho.
O Expresso noticiou no último fim de semana que Ramiro Sequeira, o chief operations officer, também deixará o cargo na sequência da nomeação de Luís Rodrigues para CEO. Para o seu lugar deverá entrar Mário Chaves, braço direito do novo presidente executivo quando estava na SATA e atual líder da Portugália.
Se dos cinco gestores executivos do elenco inicial não ficará nenhum, da lista de seis administradores não-executivos já só sobra metade. Manuel Beja, o presidente do conselho de administração escolhido por Pedro Nuno Santos, foi demitido em conjunto com a CEO. Antes já tinham deixado os cargos Gonçalo Pires (passou para executivo) e José Silva Rodrigues, que tinha sido indicado pela HPGB, de Humberto Pedrosa. Os resistentes são Ana Teresa Lehmann, Patrício Ramos e João Duarte (indicado pelos trabalhadores).
O novo CEO vai também acumular o lugar de presidente do conselho de administração, pelo que não será escolhido um novo. Resta confirmar se Gonçalo Pires (que os partidos da direita acusaram de mentir na comissão parlamentar de inquérito) e Sofia Lufinha continuam e se, além de Mário Chaves, entra mais algum elemento para a comissão executiva. E, já agora, se será reforçado o contingente de administradores não executivos.
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