Medina aposta num crescimento de 0,6% em cadeia no primeiro trimestre. Mas há economistas mais otimistas

Há economistas mais e menos otimistas que o ministro das Finanças na previsão de crescimento para o 1.º trimestre. Medina aposta em 0,6% face ao final de 2022. Previsões oscilam entre 1,2% e 0,2%.

O ministro das Finanças já avançou com a uma estimativa para a evolução da economia nos primeiros três meses do ano. Fernando Medina antecipa que a economia tenha crescido 0,6% em cadeia, contrariando as expectativas mais pessimistas, colocando a meta de crescimento para o conjunto do ano em 1,8%. Mas, entre os economistas, há quem seja ainda mais otimista.

“Tendo por base a informação disponível, que aponta para uma desaceleração do crescimento da procura interna, mas igualmente para um aumento do contributo positivo da procura externa líquida, estima-se que o crescimento homólogo do PIB no primeiro trimestre de 2023 deverá ter-se situado no intervalo de 1,9% a 2,3% (valor central de 2,1%), a que corresponde um crescimento face ao quarto trimestre de 2022 de 1% a 1,4% (valor central de 1,2%)”, avança António Ascensão Costa, na Síntese de Conjuntura do ISEG de abril.

Já Márcia Rodrigues, economista do Millennium bcp, aponta para um crescimento em cadeia de 0,8%. “De acordo com a nossa previsão, a estimativa do PIB deverá apresentar uma taxa de variação em cadeia de 0,8%, o que representa uma aceleração significativa face ao crescimento de 0,3% observado no trimestre anterior. Em termos homólogos, espera-se um crescimento de 1,7%”, escreve a economista na nota de conjuntura divulgada a semana passada.

Fonte: INE.

A explicar este “maior dinamismo da economia” está o aumento das exportações” que beneficiaram da “redução dos preços das matérias-primas, melhoria da procura externa, num quadro de dissipação dos receios de uma crise energética nas principais economias da área do euro, que condicionaram o desempenho da atividade exportadora nos últimos meses de 2022”.

Mas há outro fator a pesar positivamente – o turismo. “A manutenção de níveis de crescimento robustos do turismo deverá ter contribuído para suportar o bom desempenho das exportações de serviços”, acrescenta Márcia Rodrigues.

Entre os economistas menos otimistas que o ministro das Finanças está o Forecasting Lab da Católica (Necep) e o Fórum para a Competitividade. Na “Folha Trimestral de Conjuntura”, o economista João Borges Assunção estima que a economia tenha crescido 0,5% em cadeia, correspondendo a um crescimento de 1,4% em termos homólogos.

“Esta estimativa encerra uma enorme incerteza já que os dados são algo contraditórios, com o indicador diário do Banco de Portugal a sugerir uma forte expansão, mas os volumes de negócios no retalho e nos serviços a sinalizarem um crescimento modesto”, ressalva.

O Necep, cuja previsão foi publicada no início de abril, antecipa que a Zona Euro tenha crescido 0,3% em cadeia e 1,5% face ao primeiro trimestre de 2022.

Além de sublinhar o bom desempenho do indicador diário de atividade do Banco de Portugal, o Fórum para a Competitividade recorda ainda que a “confiança dos consumidores e da generalidade dos setores tem vindo a melhorar, embora de forma moderada, para valores nitidamente superiores aos do quarto trimestre” de 2022.

No entanto, segundo as contas do economista Pedro Braz Teixeira, nos três primeiros meses do ano, “o PIB terá tido um aumento trimestral entre 0,1% e 0,4%, a que corresponderá uma variação homóloga entre 1% e 1,3%”. “O forte abrandamento homólogo face ao crescimento do quarto trimestre (3,2%) deve-se a um efeito base, já que no primeiro trimestre de 2022 o PIB aumentou 2,4% em cadeia”, acrescenta.

O Fórum para a Competitividade sublinha ainda que, “no quarto trimestre, as famílias receberam dois pacotes de ajuda do Estado”, mas, mesmo assim, houve uma “queda no consumo privado”.

Além disso, destaca ainda que, apesar do abrandamento dos preços da energia, a inflação manteve-se elevada (sobretudo ao nível dos alimentos, o que forçou o Executivo a adotar o IVA zero no final de março) e a subida continuada dos juros tem agravado as prestações daqueles que têm créditos bancários.

Esta sexta-feira é também conhecida a estimativa rápida da inflação em abril. O ministro das Finanças antecipa que a “inflação vai baixar bastante” ao longo deste ano. “Já a partir de abril, a inflação deverá registar uma descida significativa, antecipando que, no segundo semestre, haverá meses com inflação inferior a 5,1%”, lê-se no Programa de Estabilidade.

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