Lidl passa a divulgar salários nos anúncios para “posições de liderança”
Retalhista pretende com esta decisão dar força à política de atração e retenção do talento, trabalhando igualmente na "eficiência do processo de recrutamento".
O Lidl passou a divulgar nos anúncios de emprego as faixas salariais de “posições de liderança”, como gestores de loja, iniciativa prevista na nova Diretiva Europeia sobre Transparência Salarial. “Queremos que esta prática esteja cada vez mais presente na nossa comunicação e campanhas de atração” de talento, garante a empresa ao ECO Trabalho.
“Queremos reforçar cada vez mais a comunicação para o exterior da nossa oferta salarial. Iniciámos esta comunicação com funções-chave do nosso negócio, incluindo também já posições de liderança, e no futuro queremos que esta prática esteja cada vez mais presente na nossa comunicação e campanhas de atração“, justifica fonte oficial do retalhista alimentar.
Nos anúncios de emprego para gestores de loja, a cadeia passou a indicar a faixa salarial. Por exemplo, para a oferta de gestor de loja no distrito de Viseu, além de informação sobre o perfil e outros benefícios financeiros, a cadeia refere que o candidato tem uma “progressão salarial anual de 24.000 euros a 32.600 euros, em três anos, para uma carga horária de 40 horas”.
Para o Lidl Portugal a transparência salarial é muito importante, não só com os nossos colaboradores, mas igualmente com os nossos candidatos. O valor salarial auferido é ainda um fator de peso na decisão de alguém que se candidata a uma função, e desta forma acreditamos que o processo se torna mais claro e eficiente para todos.
As posições chave ou de liderança juntam-se assim à comunicação já feita pela cadeia para outras funções. No Lidl já era “política comunicar de forma transparente os salários dos nossos operadores de entreposto e vendedores de loja“, que representam 75% dos colaboradores na cadeia, refere fonte oficial e, no futuro, essa será cada vez mais a estratégia. Motivo?
“Queremos dar a conhecer cada vez mais as nossas funções e, consequentemente, os salários associados às mesmas, de forma a trabalhar na constante atração e retenção do talento, como também na eficiência do processo de recrutamento“, justifica o retalhista alimentar.
“Para o Lidl Portugal a transparência salarial é muito importante, não só com os nossos colaboradores, mas igualmente com os nossos candidatos. O valor salarial auferido é ainda um fator de peso na decisão de alguém que se candidata a uma função, e desta forma acreditamos que o processo se torna mais claro e eficiente para todos”, aponta ainda a empresa.
O salário continua, efetivamente, a ser um motivo importante para a mudança de emprego: 27% dos trabalhadores a nível mundial tenciona abandonar os seus atuais trabalhos nos próximos 12 meses. Destes, 45% fá-lo-ão para obter um salário melhor, aponta o estudo “Global Workforce of The Future Report 2022”, da Adecco, revelado em janeiro.
Empresas europeias obrigadas a transparência salarial
Esta prática de transparência salarial do Lidl Portugal – já seguida em outros mercados – antecipa as medidas que passarão a vigorar quando for adotada nos países da União Europeia a nova diretiva comunitária sobre Transparência Salarial. Aprovada no final de março no Parlamento Europeu, a diretiva determina que as empresas europeias terão de passar a divulgar informações sobre salários, permitindo aos colaboradores comparar ordenados, bem como a expor disparidades salariais entre homens e mulheres.
Nos anúncios, os empregadores ficam ainda obrigados a divulgar, pelo menos, a faixa salarial para a posição, ficando ainda os recrutadores impedidos de perguntar aos candidatos sobre salários auferidos em empregos anteriores.
A diretiva inclui também, pela primeira vez, referências a pessoas não binárias. “A minha prioridade era garantir as medidas de transparência salarial mais inclusivas e impactantes para os trabalhadores. Não só temos finalmente medidas vinculativas para combater as disparidades salariais entre homens e mulheres, mas também todos os cidadãos da UE são empoderados, reconhecidos e protegidos contra a discriminação salarial. Pessoas não binárias têm o mesmo direito à informação que homens e mulheres. Tenho orgulho de, com esta diretiva, definirmos a discriminação interseccional pela primeira vez na legislação europeia e incluí-la como circunstância agravante na determinação de penalidades”, afirmou na época Samira Rafaela, do Comité de Direitos das Mulheres e Igualdade de Género.
O Lidl não indica se a nova Diretiva pesou na decisão de ampliar a divulgação das faixas salariais. “Ao longo dos anos temos trabalhado nesta transparência salarial como também na transparência de oportunidades e de caminho de carreira no Lidl. Faz-nos sentido percorrer este caminho de dentro para fora e é neste contexto que decidimos divulgar externamente os nossos salários dos operadores de entreposto e vendedores das nossas lojas e, além disso, a partir de agora também salários de posições chave do nosso negócio“, diz a cadeia.
“Consideramos que estas medidas de comunicação transparentes beneficiam a nível de atração e retenção de talento, motivando as empresas reverem constantemente as suas políticas de recursos humanos de forma a aumentarem a satisfação e o bem-estar da sua comunidade. A transparência é fundamental tanto para as empresas como para as pessoas“, defende.
O retalhista alimentar tem em curso uma ação de recrutamento para reforço da operação durante o verão. Entre maio e junho, a empresa prevê um reforço adicional das equipas “em cerca de 250 contratações, especialmente na zona Sul do país”, tal como avançou fonte oficial da companhia ao ECO Trabalho.
“Nos restantes meses de verão está prevista uma gestão mensal das necessidades e da estrutura de cada loja”, aponta ainda a companhia. O foco é, sobretudo, para as funções de operadores de loja. “Ao longo dos próximos meses planeamos reforçar ainda mais o recrutamento desta posição“, indica fonte oficial da cadeia.
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