Grupo Barraqueiro deixa de ter alemães a bordo após venda de participação de 31,5%
Alemães da Deutsche Bahn venderam participação de 31,5% que detinham no grupo português de transportes desde 2006 através da empresa Arriva.
Terminou a viagem da Deutsche Bahn no grupo Barraqueiro. Mais de 15 anos depois, o gigante alemão dos transportes vendeu a participação de 31,5% no grupo liderado por Humberto Pedrosa, através da Arriva. A informação apurada pelo ECO junto de fontes do setor foi confirmada pelo grupo português, sem mais comentários.
A retirada do grupo alemão deu-se final do ano e levou à saída, em dezembro, de dois elementos do conselho geral e de supervisão da Barraqueiro SGPS: José Pires da Fonseca, vice-presidente deste órgão e antigo administrador executivo da Arriva em Portugal, e também de Christian Dr Göseke, vogal do conselho.
“O grupo Arriva, através da sua holding Arriva International Limited, vendeu a sua participação de 31,5% na Barraqueiro SGPS à HPGP SGPS, S.A., o acionista maioritário. O desinvestimento nesta participação foi completado no dia 9 de dezembro, com a aprovação pelo ministério federal da Alemanha dos Transportes e do Digital”, refere ao ECO uma porta-voz do grupo Arriva. Não foi referido o montante da transação.
Há um ano, porém, a Deutsche Bahn queria reforçar o compromisso com o grupo de Humberto Pedrosa, logo depois de ter vendido a TST – Transportes Sul do Tejo aos israelitas do grupo Dan. “A DB Arriva sai do negócio do transporte rodoviário do Sul do Tejo e concentra-se no desenvolvimento da atividade do Grupo Barraqueiro, que tem um grande potencial de crescimento e de desenvolvimento das operações nos vários modos em que opera”, referiu na altura Pires da Fonseca em entrevista ao Jornal Económico (acesso pago).
O grupo Deutsche Bahn tem estado a concentrar-se cada vez mais no negócio ferroviário local. Os alemães têm procurado vender a própria Arriva, segundo informação divulgada em abril pela Reuters (acesso livre). Também a unidade de transporte de mercadorias, a DB Schenker, está na mira do mercado, num negócio que pode valer até 20 mil milhões de euros.
O encaixe destes negócios permitirá ao grupo ferroviário alemão reduzir a dívida e investir nas linhas e nos próprios comboios. A empresa tem estado no radar do Parlamento alemão, depois de uma auditoria ter alertado para a necessidade de medidas profundas para evitar atrasos crónicos e cancelamentos de comboios.
“A decisão da Arriva de vender a sua participação minoritária no grupo Barraqueiro faz parte da estratégia de sair do mercado português e de gerir um portefólio mais pequeno, para assegurar, no longo prazo, um negócio forte e competitiva”, acrescenta a mesma fonte do grupo detido pelos alemães.
Da (tentativa de) fusão à longa parceria
Enquanto esteve em Portugal, a Deutsche Bahn apostou exclusivamente nos autocarros. Em 2000, a Arriva foi a norte e comprou as empresas Ami-Transportes e Abílio da Costa Moreira. Dois anos depois, chegou a vez de comprar a TST ao grupo Barraqueiro, em dois capítulos: 51% em 2002 e os restantes 49% em 2003.
Em novembro de 2004, a Arriva tentou a fusão com o grupo Barraqueiro. A Autoridade da Concorrência, um ano depois, acabaria por chumbar a operação por causa da concentração dos comboios e dos autocarros entre Lisboa e a margem sul do Tejo. “A Fertagus e os TST competem entre si. Todos os passageiros ficariam nas mãos da nova empresa, que poderia por exemplo diminuir o número de carreiras para “puxar” mais passageiros para os comboios”, escreveu o regulador, então liderado por Abel Mateus, segundo o jornal Público.
Sem fusão possível, o grupo alemão não desistiu e, em 2006, comprou 21,5% da Barraqueiro. Dois anos depois, a participação subiu para 31,5%. Assim ficou até ao final do ano passado. A viagem dos alemães em Portugal ficou por aqui. Humberto Pedrosa volta a deter todas as ações da Barraqueiro SGPS.
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