“Rússia é imprevisível” e “incerteza” em torno da crise energética “permanece”, alerta Comissária Europeia
A imprevisibilidade da Rússia e a reabertura da economia chinesa representam possíveis ameaças para o abastecimento de gás na UE. Kadri Simson reconhece que a "incerteza permanece".
A Comissária Europeia da Energia considera que a União Europeia (UE) emergiu da crise energética “com um otimismo cauteloso”, alertando, no entanto, que os 27 Estados-membros ainda não se livraram da “incerteza” em torno do abastecimento de gás necessário para o próximo inverno.
Durante a sua intervenção no Fórum da Sustentabilidade e Sociedade, esta quinta-feira, em Matosinhos, Kadri Simson vincou que, apesar de a Europa ter reduzido a dependência do gás russo em 19 milhões de metros cúbicos desde o início da guerra na Ucrânia, Moscovo continua a ser “um país imprevisível”, realidade que obriga a que o bloco europeu sejam mais cauteloso na gestão dos stocks energéticos necessários para o próximo inverno.
Simson revela que os Estados-membros reduziram, desde agosto de 2022, os consumos de gás em 18%, coletivamente, quando a meta acordada até março de 2023 era de 15%. “Atingimos o objetivo com que nos tínhamos comprometido“, sublinhou.
Ainda assim, relembra que, com a reabertura da economia chinesa, depois do levantamento das últimas restrições anti-Covid-19, a procura por gás natural liquefeito (GNL)— que se tornou numa crescente aposta europeia no âmbito da estratégia de diversificação — poderá ficar condicionada, levando a possíveis aumentos dos preços.
“Estamos no caminho certo, mas certamente que há incertezas que permanecem. A Rússia é imprevisível. Poderemos ter um verão muito seco e um inverno muito duro e frio à nossa frente, e a China está ressurgir no mercado global como um grande importador de energia, depois de levantar as suas restrições da Covid-19“, alertou a comissária na sua intervenção, esta manhã.
Perante esta realidade, Kadri Simson recordou que neste contexto de crise energética potenciada pela guerra na Ucrânia, a principal aposta da União Europeia deve continuar a ser a energias renováveis, recordando que os Estados-membros têm até ao próximo mês de junho para atualizar os Planos Nacionais de Energia e Clima (PNEC) até 2030. O objetivo é garantir que cada país tem uma estratégia alinhada com os objetivos europeus e que permita ao bloco tornar-se se mais resiliente e capaz de cumprir com as metas climáticas definidas até ao final da década, ao mesmo tempo que abandona por completo a dependência do gás russo.
“Ficamos à espera dos planos nacionais. Será um marco muito importante para a União Europeia”, considerou a responsável.
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