Exclusivo Air France-KLM avança para a TAP se modelo de privatização for “atrativo”
O Grupo Air-France-KLM vê na TAP uma oportunidade "interessante", mas a decisão de concorrer à reprivatização vai depender da forma como o Governo a estruturar.
A Air France-KLM tem manifestado interesse na compra da TAP, elogiando as rotas da companhia portuguesa, em particular para o Brasil. A decisão de avançar na corrida à reprivatização vai depender da forma como o Governo estruturar o processo, o que só deverá será desvendado no verão.
“Como afirmámos antes, a TAP é uma oportunidade potencial interessante”, afirma fonte oficial do Grupo Air France-KLM em resposta ao ECO, notando que “o processo formal ainda não começou e é necessário um decreto-lei do Governo português”.
É nesse diploma que já deverão constar as condições da reprivatização, nomeadamente a percentagem do capital que será alienada. É em função disso que o grupo franco-neerlandês irá decidir se avança. “Com base na forma como o Governo português estruturar o processo, se nos parecer atrativo, então tencionamos participar”, refere a mesma fonte.
O Executivo avançou no final de abril com o primeiro passo para a reprivatização, ao aprovar a resolução que mandata o Ministério das Finanças e a Parpública para a realização de duas avaliações financeiras independentes, conforme prevê a legislação. Nela, defende “uma solução que garanta a sustentabilidade de longo prazo, assegurando-se a manutenção da sua importância estratégica para o país na área dos transportes, em particular do chamado ‘hub nacional’, e privilegiando a sua característica de ‘companhia de bandeira'”.
Na altura, o ministro das Finanças, Fernando Medina, explicou que os passos legais seguintes são “um decreto-lei e uma nova resolução onde ficarão definidos os aspetos fundamentais do processo e também o caderno de encargos”. A expectativa do Governo é que o diploma seja aprovado pelo Conselho de Ministros em julho.
A Air France-KLM já deu conta, por várias vezes, do seu interesse na companhia aérea portuguesa. Em fevereiro, o CEO, Ben Smith, considerou “as rotas para o Brasil extremamente poderosas” para o grupo que lidera.
O grupo fechou o primeiro trimestre com um prejuízo de 337 milhões de euros, melhor do que no período homólogo. A faturação aumentou 42% para 6.329 milhões, com as diferentes marcas da Air France-KLM a transportarem 19,7 milhões de passageiros, mais 35,3% do que nos primeiros três meses do ano passado.
A companhia anunciou a 19 de abril o pagamento dos 300 milhões de euros remanescentes do financiamento concedido pelo Estado francês ao abrigo do enquadramento europeu criado no âmbito da pandemia de Covid-19, podendo assim voltar às aquisições.
A TAP também divulgou esta quarta-feira um prejuízo de 57,4 milhões no primeiro trimestre, muito abaixo dos 121,6 milhões do ano anterior. A companhia movimentou 3,51 milhões de passageiros no primeiro trimestre, mais do que no mesmo período de 2019. As receitas operacionais aumentaram 70,4% face aos primeiros três meses de 2022, para 835,9 milhões de euros.
Além da Air France-KLM, também a Lufthansa e o Grupo IAG têm demonstrado interesse na privatização. A companhia alemã esteve muito perto de entrar no capital da TAP, mas a operação foi abortada pela pandemia em 2020. O grupo dono da British Airways e da Iberia deu já os primeiros passos para entrar na corrida, ao selecionar assessores jurídicos e de comunicação, como avançou o ECO.
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