O mundo precisa de mais mulheres na ciência e nas tecnologias de informação

  • Ana Afonso
  • 22 Maio 2023

Acesso deve ser acompanhado por um esforço dos próprios setores privado e público para aumentarem a representação feminina em posições de liderança e de referência.

É urgente fomentar e promover a presença de mais mulheres e raparigas nas áreas de ciência, tecnologia, engenharia e matemática (STEM) e de Tecnologias de Informação e Comunicação (TIC), onde essa ausência ainda é amplamente sentida. Além de se acentuarem assim as desigualdades de género e o fomentar de preconceitos, nota-se impacto em várias vertentes da sociedade atual. É da maior importância que sejamos capazes de entender o valor e a relevância de ter uma maior diversidade de géneros nestas áreas e como poderá beneficiar a sociedade, como um todo.

As carreiras profissionais em STEM e TIC são muitas vezes consideradas profissões reservadas a homens. Aliás, continuam a ser os homens quem mais intervém no design e na construção dos produtos e soluções tecnológicas que moldam a nossa vida. Segundo o estudo “Women in tech: The best bet to solve Europe’s talent shortage”, da McKinsey & Company, as mulheres ainda constituem uma minoria em muitas áreas de STEM, incluindo engenharia, física, matemática e ciência da computação. Mais concretamente, as mulheres ocupam apenas 22% de todas as funções tecnológicas em empresas europeias. Estes resultados são surpreendentes numa altura em que a tecnologia está no centro da inovação e do crescimento do mundo, essencial para construir uma vantagem competitiva sobre os principais concorrentes. É, por isso, tempo de mudar esta realidade.

Não devemos, de todo, limitar o acesso a estas áreas apenas a um determinado grupo, isto porque, por meio de influência familiar ou até da sociedade, as meninas e as mulheres são incentivadas a fazer escolhas dentro de áreas onde o papel da mulher já está bem definido, incluindo na opção da carreira profissional. Com a falta destas pessoas nas STEM e TIC, estamos a perder todo o potencial e competências que este grupo pode trazer para estas áreas. Além disso, a diversidade de ideias e perspetivas é fundamental para o progresso e inovação em todas as áreas, incluindo a tecnologia.

Mas não é só em termos de inovação e progresso tecnológico que as mulheres fazem falta nas STEM e TIC. Também a economia europeia sofre com a falta destas profissionais na área. Ainda de acordo com o estudo da McKinsey & Company, citado acima, o PIB da União Europeia (UE) poderia aumentar em até 600 mil milhões de euros se a percentagem de mulheres em cargos tecnológicos duplicasse até 2027.

Deste modo, a captação de mais raparigas e mulheres para estas áreas pode ser alcançada por diferentes meios. Um deles é a educação, desde o ensino primário até ao superior, indo também mais além, até à própria requalificação de mulheres adultas para estas áreas, porque nunca é tarde para mudar. É fundamental que tenham acesso a programas, aulas e cursos que permitam explorar as áreas de STEM e TIC e adquirirem as competências necessárias para seguirem carreira nessas áreas. Não obstante, este acesso deve ser acompanhado por um esforço dos próprios setores privado e público para aumentarem a representação feminina em posições de liderança e de referência, com o propósito da criação de um ambiente onde as mulheres se sintam aceites e incentivadas a prosseguir oportunidades no âmbito destas áreas.

É essencial ainda quebrar estereótipos e preconceitos que persistem na sociedade relativamente a carreiras de STEM e TIC para mulheres. Além da formação de competências, a própria educação pode e deve ser utilizada para combater esses estereótipos, ao promover a igualdade de género e a diversidade, incentivando as jovens a considerar a possibilidade de seguir uma carreira nas áreas mais científico-tecnológicas, sem entraves e se assim sentirem ser a sua vocação, cabendo também aos jovens reconhecerem o potencial das mulheres e serem agentes de transformação, na adaptação do ambiente de trabalho, de modo que seja mais propício a uma maior diversidade. Outra forma de direcionar as mulheres para as STEM será destacar e valorizar quem já esteve e quem está nestas profissões, modelos que incorporando exemplos, podem ajudar a inspirar e motivar outras jovens a seguirem os mesmos passos.

A presença de mais raparigas e mulheres para as áreas de STEM e TIC é, em suma, essencial para o progresso da comunidade onde nos inserimos. É importante que todos os esforços sejam feitos no sentido de incentivar as mulheres a seguirem carreiras nessas áreas, começando com a educação e o combate a estereótipos e preconceitos, quer na escola quer no meio profissional. Ao fazê-lo, estaremos a trabalhar para um futuro mais diverso e igualitário para todos. Vamos passar das intenções para ações concretas?

  • Ana Afonso
  • Gestora de Comunicação da Plataforma NAU

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