easyJet espera ultrapassar seis milhões de passageiros este ano

A companhia aérea lowcost está a celebrar os cinco anos da inauguração da base na Portela. 10 milhões de passageiros depois, a easyJet prepara-se para voltar a crescer a dois dígitos este ano.

“Este é um projeto que demonstra a confiança dos investidores estrangeiros em Portugal”. Era desta forma que, a 19 de abril de 2012, Álvaro Santos Pereira, então ministro da Economia, anunciava a inauguração da primeira base da easyJet em Portugal, no terminal dois da Portela. Foram 300 milhões de euros que, em pleno programa da troika, entraram em Portugal, para criar mais de 80 postos de trabalho e trazer à economia portuguesa mais de 590 milhões de euros.

Cinco anos, 56 rotas e dez milhões de passageiros depois, a easyJet continua a ver Portugal como “um ilustre desconhecido nesta Europa” e quer reforçar as rotas existentes com 175 mil lugares já no próximo inverno. Em entrevista ao ECO, a propósito do aniversário de cinco anos da inauguração da base em Lisboa, José Lopes, diretor comercial da companhia lowcost para Portugal, antecipa um crescimento de dois dígitos de um mercado que está a superar as expectativas. A confirmar-se, a companhia deverá ultrapassar, pela primeira vez, a marca de seis milhões de passageiros transportados de e para Portugal num só ano.

José Lopes, diretor comercial da easyJet para Portugal.D.R.

Arrancaram com dois aviões baseados em Lisboa, empregavam cerca de 80 pessoas, operavam 41 rotas e esperavam chegar aos quatro milhões de passageiros. Hoje, a easyJet conta cinco aviões baseados em Lisboa, emprega mais de 310 pessoas a nível nacional, opera 56 rotas e já ultrapassou a fasquia dos cinco milhões num ano (mais precisamente, 5,4 milhões de passageiros transportados de e para Portugal no ano fiscal de 2016). Feitas as contas, desde que inaugurou a base da Portela, a easyJet prepara-se para transportar o passageiro número 10 milhões a partir de Lisboa.

A easyJet em Portugal e no mundo. Dados do ano fiscal de 2016, terminado em setembro desse ano.Raquel Sá Martins

Um balanço, na visão de José Lopes, “extremamente positivo” de uma base considerada “estratégica” e que “serviu para estabelecer o padrão das novas bases”. A partir daqui, é para continuar a crescer. O responsável para o mercado português refere que as previsões ainda não estão fechadas, mas a expectativa é que, no ano fiscal de 2017 — que termina em setembro –, a easyJet cresça à volta de 14%, o que, a confirmar-se, levará o número de passageiros transportados a ultrapassar os 6,15 milhões neste ano.

“Este verão é sempre uma incógnita, pela positiva, uma vez que Portugal tem sido um mercado extremamente desejado por toda a Europa, como destino alternativo. Mas temos de continuar a apostar para atrair não só os city breakers às nossas cidades. Ao contrário do que às vezes pensamos, Portugal ainda é um ilustre desconhecido nesta Europa e ainda temos muito trabalho a fazer e muito potencial para continuar a crescer no futuro“, refere José Lopes ao ECO.

Preços vão continuar baixos

A ajudar a atividade da easyJet têm estado, também, as baixas tarifas que a desvalorização do petróleo tem permitido. “O mercado, na Europa, já vai em quatro anos de quedas de tarifas. Para as pessoas, nunca foi tão barato voar como agora. Estamos com preços ao nível de 2010“, aponta José Lopes.

Esta tendência será para manter. “Enquanto o combustível se mantiver a estes níveis baixos, vai continuar a existir mais oferta. Da nossa parte, uma vez que temos uma base de custos baixa, iremos aproveitar para continuar a crescer porque, quando combustível voltar a subir, estaremos numa posição de aproveitar as oportunidades que ficarão quando alguma da oferta ineficiente que existe no mercado começar a desaparecer”, antecipa o responsável.

“O ideal é a Portela”. Montijo é “incógnita muito grande”

O aeroporto do Montijo — a solução que o Governo encontrou para complementar a capacidade da Portela — vai estar vocacionado para as lowcost e para serviços de médio custo. Mas nada indica que as lowcost queiram ir para lá. Para a easyJet, “o ideal é a Portela” e o Montijo é, para já, “uma incógnita muito grande”.

A companhia aérea britânica não descarta já ir para o Montijo, mas assegura que terão de ser oferecidas condições atrativas. Desde logo, os custos. “Pelo que tem sido transmitido, a Portela será mais cara do que o Montijo. De outra forma, seria difícil ou mesmo impossível atrair quem quer que fosse para voar para lá. É algo que estará inerente a essa solução”, refere José Lopes.

José Lopes, diretor comercial da easyJet para Portugal.D.R.

Mas mesmo isso poderá não ser suficiente para levar a easyJet para a outra margem. “O que é importante referir aqui é que nenhum operador é, de algum modo, obrigado a mover-se. A easyJet opera em aeroportos principais, esse é o nosso ADN e, dentro do possível, iremos continuar a crescer em aeroportos principais“. Até porque “o que as pessoas tradicionalmente gostam é de voar em aeroportos principais, demorando o mínimo de tempo possível a chegar ao seu destino”. Por isso, “se estivéssemos a falar de hoje, o ideal é a Portela”, sublinha José Lopes.

Seja como for, é cedo para falar já de uma possível mudança. A solução Montijo só estará concluída entre 2021 e 2022 e, até lá, muito pode mudar. “É muito cedo avaliar já a solução. Teremos de ver em que condições vai estar o tráfego e que soluções é que se conseguirão implementar até lá. É uma incógnita muito grande. São quatro verões a crescer e, neste verão zero, já estamos com muitas, muitas, muitas dificuldades em obter o crescimento que queríamos”, diz o responsável.

Para já, José Lopes apela a que se resolva o problema dos slots pendentes na Portela. “Neste momento, mais de 10% do número de slots do aeroporto de Lisboa estão pendentes. É um número brutal. Significa que estão pendentes quase 18 mil slots em Lisboa. Era importantíssimo que a NAV aumentasse a capacidade dos movimentos por hora na Portela. Se conseguíssemos um aumento de um ou dois movimentos por hora, resolvíamos já muitos problemas existentes com estes slots pendentes”.

easyJet está quase a decidir para onde se muda. Portugal? “Todos os países têm interesse”

Não falta muito para a easyJet tomar uma decisão sobre o país da União Europeia (UE) onde vai criar uma subsidiária para fugir ao Brexit. José Lopes diz que o processo está na fase final e que haverá novidades nos próximos tempos. Mas não fala sobre o posicionamento de Portugal nesta escolha. Até porque “todos os países têm interesse” em receber a easyJet, garante José Lopes.

“É um processo que está na sua fase final. A decisão vai ser tomada pelo nosso board nos próximos tempos, não demorará muito mais. Quanto muito, é uma decisão que será tomada e anunciada aquando da nossa apresentação de resultados do primeiro semestre, que será em maio”, refere José Lopes. A companhia aérea apresenta os resultados semestrais a 16 de maio.

A easyJet tomou a decisão de pedir um novo Certificado de Operação Aérea (COA) depois de o referendo no Reino Unido ter ditado a saída do país da UE. A companhia aérea britânica quer manter-se na UE para fugir aos entraves à livre circulação de pessoas que poderão resultar do Brexit, e o facto de contar com 40% de capital cipriota permite-lhe cumprir com a legislação a que a aviação europeia está sujeita.

O nome de Portugal surgiu pela primeira vez quando o Dinheiro Vivo deu conta de que, a par da Áustria, Portugal estava na short list para receber a nova subsidiária na UE. Segundo o mesmo jornal, o Governo tem estado em contacto com a companhia aérea desde o ano passado, com o objetivo de criar uma marca nacional que permita à easyJet manter a operação na União Europeia.

"O facto de a easyJet ser uma empresa de sucesso, ser um dos maiores operadores europeus, faz com que seja normal que todos os países comunitários tenham interesse em nós.”

José Lopes

Diretor comercial da easyJet para Portugal

Mas a easyJet não confirma a preferência por Portugal. “Quando começámos este projeto, todos os países eram uma possibilidade. O facto de a easyJet ser uma empresa de sucesso, ser um dos maiores operadores europeus, faz com que seja normal que todos os países comunitários tenham interesse em nós”, comenta José Lopes.

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