Onya integra piloto da semana de 4 dias. “Mais horas não significam maior produção”
Participação da consultora de comunicação no piloto ocorre após ter adotado no verão passado um modelo semelhante. Durante os meses de julho e agosto, a equipa não trabalhou nas tardes de sexta-feira.
Depois de ter dados os primeiros passos no verão do ano passado, ao dispensar os seus colaboradores nas tardes de sexta-feira, a Onya Health vai agora testar a semana de quatro dias de trabalho, integrando o projeto-piloto que está a ser desenvolvido pelo Governo. A partir de junho, a equipa da agência e comunicação especializada no ramo da saúde vai trocar a semana de cinco dias pela semana de quatro dias, sem perda de rendimentos ou benefícios. Para a diretora-geral, Vânia Lima, “mais horas não significam maior produção e, muito menos, maior qualidade”.
“A pandemia aumentou a consciência sobre a importância do balanço entre vida pessoal e profissional” e, no caso do trabalho remoto, as preocupações aumentam, visto que, muitas vezes, “não existe uma fronteira física entre onde se trabalha e onde se vive”, explica Vânia Lima, em comunicado. Isto levou as chefias “a refletir sobre o seu papel no bem-estar dos trabalhadores e o que se podia fazer para o aumentar”.
“A Onya Health é uma agência de comunicação que procura melhorar a saúde dos portugueses. Por trabalharem na área da saúde, eles compreendem que é importante proteger a saúde mental dos seus colaboradores. A Onya revelou um grande espírito inovador ao aceitar o nosso desafio, e fizeram um trabalho de preparação excecional. O nosso projeto beneficia muito com a sua participação”, diz, por sua vez, Rita Fontinha, que coordena o projeto-piloto do Governo, juntamente com Pedro Gomes.
Ao longo de seis meses, a agência de comunicação vai avaliar os resultados e os impactos desta mudança. Serão realizados pontos de situação com os trabalhadores, análises de produtividade e acompanhamento do bem-estar geral da equipa. A participação desta empresa no projeto-piloto acontece depois de a Onya Health ter adotado um modelo semelhante no verão do ano passado: durante os meses de julho e agosto, a equipa não trabalhou nas tardes de sexta-feira.
“O feedback de toda a equipa foi positivo e, num verão atípico de muito trabalho, a equipa respondeu muito bem a todos os desafios, estava mais motivada e a produzir melhor. Por isso, fez-nos todo o sentido continuar o trabalho que já tínhamos começado, agora com a ajuda de uma equipa que nos permitiu implementar mudanças estruturais e repensarmos a nossa forma de trabalhar”, conclui Vânia Lima.
A Crioestaminal, sediada em Cantanhede, é outra das empresas que já tornou público que vai participar no projeto piloto da semana de quatro dias de trabalho promovido pelo Governo. Durante seis meses, os cerca de 90 colaboradores do laboratório de células estaminais vão experimentar uma redução das horas de trabalho semanais, mantendo também os seus salários e benefícios.
Piloto do Governo arranca já em junho
A semana de quatro dias tem sido amplamente discutida como forma de melhorar a qualidade de vida dos trabalhadores, mas também a produtividade e competitividade das empresas. A iniciativa do Governo é uma das primeiras tentativas de testar esta abordagem em grande escala.
“A semana de quatro dias é hoje uma aspiração crescente de muitas pessoas, nomeadamente, dos mais jovens, que exigem uma melhor conciliação da vida profissional com a vida pessoal e familiar. O estudo piloto que agora se inicia procura perceber quais os impactos ao nível da motivação, do bem-estar dos trabalhadores, da redução do absentismo, bem como do impacto na produtividade das organizações. Num tempo marcado pela disputa pelo talento esta é, seguramente, uma aposta estratégica para a competitividade das empresas e do país”, afirma Miguel Fontes, secretário de Estado do Trabalho.
De acordo com os últimos dados, divulgados pela organização do piloto promovido pelo Governo no final de março, um total de 46 empresas, das quais quatro com mais de 1.000 trabalhadores, decidiram avançar para a segunda fase do piloto da semana de quatro dias, cujo arranque está previsto para junho. Um total de 20 mil colaboradores estará abrangido neste piloto.
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