Prestação da casa sobe até 290 euros em junho, mas é o menor aumento deste ano

Má notícia: quem tem crédito da casa pagará mais ao banco no próximo mês. Boa notícia: apesar do aumento significativo, a prestação terá a menor subida deste ano, após disparo nos meses anteriores.

A prestação da casa vai agravar-se novamente em junho, com os aumentos a chegarem aos 290 euros nos contratos cujas condições forem revistas no próximo mês, de acordo com as simulações realizadas pelo ECO.

Apesar da subida significativa que muitas famílias vão passar a suportar com a casa, trata-se do menor aumento da mensalidade verificada este ano. De resto, a subida da prestação paga ao banco tenderá a aliviar nos próximos meses à medida que o efeito do aumento brusco dos juros, que se verificou na segunda metade de 2022, se for atenuando nos empréstimos à habitação.

Para os contratos associados às Euribor a três e seis meses, que representam cerca de 70% dos contratos com taxa variável em Portugal, a prestação da casa registará em junho a menor subida em quase um ano – é preciso recuar a agosto para observarmos uma subida mais intensa.

Vamos às contas, tomando como exemplo um empréstimo de 150 mil euros a 30 anos, com um spread (margem comercial do banco) de 1% em cima de uma destas taxas:

  • Euribor a 3 meses: a prestação que vai pagar nos próximos três meses irá subir para cerca de 748,22 euros, mais de 63,3 euros (+9,4%) em relação à prestação que pagava desde março;
  • Euribor a 6 meses: a prestação que vai pagar nos próximos seis meses irá chegar aos 776,1 euros, um aumento de cerca de 117,4 euros (17,82%) em relação à prestação que pagava desde dezembro;
  • Euribor a 12 meses: a prestação que vai pagar nos próximos 12 meses irá subir para cerca de 792,36 euros, quase mais 290,23 euros (57,8%) em relação à prestação que pagou no último ano.

O alívio no aumento da prestação não significa que a prestação irá descer, pelo contrário. A mensalidade paga ao banco pelo crédito da casa vai continuar a subir nos próximos meses, mas de forma menos intensa, numa altura em que as taxas diretoras do Banco Central Europeu (BCE) se aproximam do pico, depois de terem subido 375 pontos base no espaço de menos de um ano.

Antecipando que o BCE atinja em breve a taxa terminal, que poderá acontecer em junho ou julho, como já sinalizou o governador do Banco de Portugal, Mário Centeno, as Euribor, as taxas que servem de base para o cálculo da prestação, também parecem estar a aproximar-se do ponto máximo desde ciclo, de acordo com o mercado de futuros.

A próxima reunião do banco central para decidir o rumo dos juros na Zona Euro acontece a 15 de junho. Até lá o conselho de governadores já terá dados mais recentes sobre a evolução dos preços na região da moeda única, razão pela qual o BCE tem vindo a restringir a sua política monetária. Neste capítulo, o Instituto Nacional de Estatística (INE) revela esta quarta-feira a taxa de inflação em maio. Na quinta, será a vez de o Eurostat divulgar a inflação para o conjunto da área do euro.

Devido ao facto de 90% dos contratos da casa estarem indexados a taxa variável, Portugal tem sido um dos países mais penalizados com o aumento dos juros, o que levou o Governo a avançar com medidas especiais para proteger as famílias mais vulneráveis, como a agilização do processo de renegociação das condições do empréstimo com o banco.

Segundo o INE, a taxa de juro média no conjunto dos contratos de crédito à habitação superou os 3% em abril, atingindo o valor mais elevado desde junho de 2009. O capital médio em dívida era de 62.972 euros, com a prestação média a fixar-se nos 341 euros. Isto significa que, em termos médios, o efeito da subida das Euribor em maio vai ser menor do que mostra o cenário base das simulações do ECO – que teve em consideração um empréstimo de 150 mil euros.

O ECO preparou um simulador para calcular a prestação da casa. Faça as contas para o seu caso.

Tenho um crédito à habitação no valor de euros, contratualizado por um prazo de anos, indexado à Euribor a 12 meses (que há um ano estava nos % ), com um spread de %. A prestação da casa que pago atualmente é de 308 euros, mas caso a Euribor a 12 meses passe para %, a prestação passa para 432 euros. (Mude os campos sublinhados para descobrir os números mais próximos da sua previsão.)

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As Euribor são calculadas nos empréstimos que os bancos fazem entre si e usadas depois como indexantes nos contratos financeiros, como os empréstimos para a compra de casa. Têm estado em forte aceleração nos últimos meses, com o mercado a ir a reboque das expectativas de um forte aperto do BCE para controlar a espiral de subida dos preços.

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