BCE sem pausa na subida dos juros. “Terminámos a jornada? Não”, diz Lagarde, anunciando novo aumento em julho
“Are we done? No”, anunciou a presidente do BCE, Christine Lagarde, antecipando que o próximo trará uma nova subida das taxas de juro.
O Banco Central Europeu (BCE) acabou de subir as taxas na Zona Euro para máximos desde 2001, mas presidente Christine Lagarde revelou que o trabalho ainda não terminou no combate à inflação e que a reunião do conselho de governadores do próximo mês trará uma nova subida dos juros na região.
“Are we done? Terminámos a jornada? Não, ainda não chegamos ao nosso destino. Ainda temos caminho a percorrer? Sim, temos caminho a percorrer”, adiantou Christine Lagarde em conferência de imprensa, após a reunião do conselho de governadores ter decidido a oitava subida dos juros seguida.
“E posso ir mais longe: posso dizer que, salvo alguma mudança material no nosso cenário base, é muito provável que continuamos a aumentar as taxas de juro em julho, o que não é uma surpresa”, acrescentou.
Para Lagarde, que foi questionada sobre a pausa anunciada esta quarta-feira pela Fed, o BCE vai continuar a apertar a política monetária pois está “determinado” em atingir o objetivo de 2% da inflação em tempo apropriado.
“Não estamos a pensar em fazer pausas, como podem ver”, referiu aos jornalistas.
A subida de julho — reunião está marcada para 27 de julho — já era mais ou menos esperada pelos analistas. Mas o facto de a economia da Zona Euro ter entrado em recessão e a inflação estar a dar sinais de alívio baralham as contas do mercado em relação aos próximos meses.
Recusando fazer comentários sobre qual a taxa terminal, a presidente do BCE apenas notou que só se saberá quando as autoridades monetárias chegarem “ao destino”, ou seja, quando se atingir uma taxa de inflação a médio prazo de 2%, que é a meta do banco central.
O BCE anunciou esta quinta-feira um aumento de 25 pontos base nas taxas de juro, em linha com o aumento do mês passado e já acumulando subidas de 400 pontos em menos de um ano. Com esta decisão, elevou a taxa dos depósitos para 3,50%, a mais alta desde maio de 2001, na altura da crise das dotcom, enquanto as taxas de juro aplicáveis às operações de refinanciamento e de cedência de liquidez subiram para 4,00% e 4,25%, respetivamente.
O staff do banco central reviu em alta as projeções para a inflação subjacente, que deverão situar‑se em média em 5,4% em 2023, 3,0% em 2024 e 2,2% em 2025.
“Seremos tão restritivos quanto for necessário para garantir que cheguemos a esse destino. Nos parâmetros atuais, 2,2% em 2025 não é satisfatório e não é oportuno. É por isso que estamos a tomando estas decisões como as de hoje”, referiu a responsável francesa.
(Notícia atualizada às 14h17)
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