Formar e recrutar a pensar na verdadeira inclusão. Assista aqui à talk 📹

  • Trabalho
  • 28 Junho 2023

Recrutamento inclusivo e ações de formação e sensibilização são algumas das linhas apontadas na talk "Na bandeira da inclusão, quão inclusivos somos?". Hoje é o Dia Internacional do Orgulho LGBT.

Está a minha equipa a representar a sociedade? Será suficientemente diversa para trazer inovação e criatividade ao negócio? Estas são duas das questões que se devem fazer antes de iniciar qualquer processo de recrutamento, no sentido de trabalhar para ter uma verdadeira diversidade e inclusão nas empresas. Mas há muito mais a fazer. É que, apesar de melhorias, em Portugal, apenas 44% das pessoas da comunidade LGBTQIA+ se sentem confortáveis em assumir a sua orientação sexual ou identidade de género no mundo corporativo. Rita Távora, country talent development manager da Ikea, e Vânia Beliz, psicóloga clínica e sexóloga, partilham a suas visões sobre o tema na talk “Na bandeira da inclusão, quão inclusivos somos?”, organizada pelo Trabalho by ECO, em parceria com a Control.

“As empresas são constituídas por pessoas, que têm crenças. Acredito que seja um desafio, a nível profissional, as pessoas acabarem por contornar as suas crenças, principalmente neste tema que é talvez um dos mais sensíveis dentro da sexualidade. É difícil separar o ‘eu pessoa’ do ‘eu empresário’, do ‘eu empresário’ ou do ‘eu chefia’. Penso que em Portugal ainda temos muito trabalho a fazer”, começa por dizer Vânia Beliz.

E acrescenta: “É muito importante a formação. Se temos crenças e estereótipos, eles têm que ser combatidos.”

As empresas são constituídas por pessoas, que têm crenças. Acredito que seja um desafio, a nível profissional, as pessoas acabarem por contornar as suas crenças, principalmente neste tema que é talvez um dos mais sensíveis dentro da sexualidade. É difícil separar o ‘eu pessoa’ do ‘eu empresário’, do ‘eu empresário’ ou do ‘eu chefia’. Penso que em Portugal ainda temos muito trabalho a fazer.

Vânia Beliz

Psicóloga clínica e sexóloga

A Ikea está comprometida com o tema da igualdade e da inclusão. A companhia acredita que a aposta numa empresa diversa só traz vantagens ao negócio e a porta de entrada é, desde logo, o recrutamento.

“Quando fazemos formação de recrutamento, uma grande parte dessa formação tem a ver com o que significa fazer um recrutamento inclusivo. Que é, no fundo, tomar consciência dos preconceitos inconsciente, que todos nós temos, e perceber o que queremos ter na nossa equipa”, explica Rita Távora.

“Está a nossa equipa ou não a representar a sociedade? Está a nossa equipa ou não a ser suficientemente diversa para trazer inovação e criatividade ao negócio?” Estas são perguntas que a responsável considera fundamental serem feitas.

Além disso, ter diversidade na própria equipa de recrutamento e seleção “também ajuda a ter consciência sobre estes temas”, acredita.

Mas é preciso “desafiar o resto da organização (…) a tomar consciência de que este é um tema importante e que faz parte da nossa cultura e valores”. A Semana da Diversidade e Inclusão é uma das iniciativas levadas a cabo pela retalhista. “Internamente, fazemos um conjunto de workshops e formações, que trazem também para cima da mesa o tema das microagressões em diferentes vertentes. Trazemos convidados externos para abordar determinados temas…”, exemplifica a country talent development manager da Ikea.

“É uma forma de promover a discussão. De percebermos quais são as barreiras para irmos mais longe”, resume.

O tema de recrutamento merece, de facto, um olhar mais crítico quando sabemos que, apesar de quase um terço das empresas nacionais dizerem ter programas de diversidade e inclusão LGBTQIA+, 6% dos profissionais dizem sentir-se discriminados no recrutamento. Uma percentagem que dispara para 50% no caso de pessoas trans, revelam os dados do estudo “Diversity at Work“, realizado pelo ManpowerGroup e divulgado na semana passada.

“Para serem produtivos, os funcionários têm de ser felizes”

Ainda assim, há números que revelam melhorias: em Portugal, 4% das pessoas LGBTQIA+ inquiridas dizem ter sido vítimas de violência verbal no seu local de trabalho devido à sua identidade de género ou orientação sexual (menos oito pontos percentuais face ao estudo anterior) e 14% dos profissionais já testemunharam no trabalho comportamentos discriminatórios contra colegas LGBTQIA+ (um recuo 15 pontos percentuais).

As empresas estão realmente empenhadas. Algumas estão mais avançadas, outras apenas a começar. Mas penso que estão a perceber até os benefícios para o negócio. Porque ser diverso não é apenas o certo a fazer. A diversidade é boa para fazer crescer o negócio.

Rita Távora

Country talent development manager da Ikea

Rita Távora acredita que as empresas estão preocupadas. “As empresas estão realmente empenhadas. Algumas estão mais avançadas, outras apenas a começar. Mas penso que estão a perceber até os benefícios para o negócio. Porque ser diverso não é apenas o certo a fazer. A diversidade é boa para fazer crescer o negócio“, defende. Traz inovação e criatividade, atira.

Admitindo que em empresas mais conservadores é normal que estes passos demorem mais tempo a serem dados ou, pelo menos, a surtir efeito, Vânia Beliz acredita que há algo que é fundamental entender: “Para serem produtivos, os funcionários têm de ser felizes. E como é que se é feliz, se não se é aceite ou se estamos num sítio onde não podemos ser aquilo que somos? Como podemos potenciar o negócio se estou numa espécie de outra vida?”, questiona.

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