Matosinhos quer eólicas offshore quase 13 vezes mais longe da costa
Grupo de Trabalho recomendava que a zona destinada à exploração de eólicas sobre o mar ficasse a três quilómetros da costa, mas contestação de pescadores obrigou a afastar instalação das turbinas.
A potência das eólicas offshore que estava prevista ficar instalada a três quilómetros da costa será “transferida na dimensão exata” para 38 quilómetros, confirmou esta segunda-feira a Câmara de Matosinhos em resposta a questões da Lusa.
“A potência não é perdida, é transferida na dimensão exata para a zona espacial que se situa mais afastada da costa”, pode ler-se numa resposta da Câmara de Matosinhos, no distrito do Porto, a questões da agência Lusa, sobre o quase um gigawatt (GW) de potência que estava previsto instalar a três quilómetros da costa de Matosinhos, Porto, Vila Nova de Gaia e Espinho.
Segundo a autarquia, “o que consta da segunda versão do PAER [Plano de Afetação de Energias Renováveis] (Versão 1 [Um]), a zona Matosinhos (a 3 km da costa) é eliminada, mas a área e capacidade de produção de energia é transferida e concentrada na zona Leixões (a 38Km da costa), passando a ter uma área de 644,26 km2 (o somatório dos 180,92km + 463,36km anteriores)”.
As respostas hoje recebidas pela Lusa confirmam a informação dada na sexta-feira pelo vice-presidente da Câmara de Matosinhos, Carlos Mouta, na reunião do Conselho Metropolitano do Porto (CmP), órgão onde têm assento os 17 autarcas da Área Metropolitana do Porto.
De acordo com dados apresentados por Carlos Mouta, “a nova área de Leixões [mais distante] aumentou cerca de 39%, passando de 463 quilómetros quadrados para 644 quilómetros quadrados“, tendo também sido “afastada da linha de costa, de forma a minimizar os conflitos com a pesca local”.
Já quanto à área mais próxima, designada de Matosinhos (apesar de incluir também a costa do Porto, Vila Nova de Gaia e Espinho) “foi eliminada”, já que “foi unanimemente apontada pelo setor da pesca como inaceitável e inegociável a sua discussão“.
A Câmara do Porto também apontou, na consulta pública sobre o projeto das eólicas ‘offshore’, que a instalação a três quilómetros da costa teria impacto paisagístico sobre a zona da Foz Velha e que o barulho das turbinas seria audível.
Os municípios de Espinho, Vila Nova de Gaia, Porto, Matosinhos, Vila do Conde e Póvoa de Varzim e associações das pescas querem obrigar à emissão de um “parecer favorável unânime” sobre a instalação de eólicas na sua costa, segundo uma pronúncia conjunta a que a Lusa teve acesso na quinta-feira.
O texto é assinado pelos seis municípios da Área Metropolitana do Porto (AMP) afetados pelo projeto e pelas associações de pesca locais Pró-Peixe, Associação de Armadores de Pesca do Norte, Associação Pró-Maior Segurança dos Homens do Mar e Apropesca.
Em causa está o relatório de uma proposta preliminar do Grupo de Trabalho para o planeamento e operacionalização de centros eletroprodutores baseados em fontes renováveis de origem ou localização oceânica, que esteve em consulta pública entre 30 de janeiro e 10 de março.
Este projeto para a criação de um parque eólico ‘offshore’ em Portugal, com 10 GW de potência, delimitou, como possíveis áreas de exploração de energias renováveis, Viana do Castelo, Leixões, Figueira da Foz, Ericeira-Cascais e Sines.
A 30 de maio, a secretária de Estado da Energia, Ana Fontoura Gouveia, disse que o leilão eólico ‘offshore’ vai ser lançado até ao final deste ano, devendo o vencedor ser conhecido em 2024.
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