Lacerda Machado sai da administração da Euroatlantic
Diogo Lacerda Machado apresentou em maio a renúncia ao cargo de vogal da administração da Euroatlantic, uma companhia aérea portuguesa especializada em voos "charter".
Diogo Lacerda Machado, jurista e gestor, renunciou em maio à administração da Euroatlantic Airways, de acordo com o ato societário publicado esta semana. O antigo administrador não executivo da TAP deixa a companhia aérea especializada em voos charter e carga, menos de um ano depois de ter entrado.
Um apaixonado da aviação e amigo do primeiro-ministro, Diogo Lacerda Machado entrou para a administração da Euroatlantic em julho do ano passado, depois de ter sido administrador não executivo da TAP entre junho de 2017 e abril de 2021, numa altura em que a empresa estava a procurar recuperar do impacto da pandemia. É a segunda saída em cerca de seis meses, depois de, em novembro, o então CEO, Eugénio Fernandes, ter anunciado o fim da ligação à transportadora. O ECO contactou a Euroatlantic, mas até à publicação deste artigo não teve resposta.
A operadora especializada em voos charter, carga e ACMI (aluguer de aviões com tripulações, manutenção e seguros) é detida desde novembro de 2019 pela sociedade I-Jet Aviation PT, controlada pelo empresário e piloto Abed El-Jaouni, que é também administrador. O presidente do conselho de administração é o sérvio Dane Kondić, que assumiu o cargo em abril de 2022.
Tal como todo o setor aéreo, a empresa fundada por Tomaz Metello foi muito afetada pela pandemia. As receitas caíram de forma abrupta, passando de 88,6 milhões de euros em 2019 para 23,8 milhões em 2020, registando alguma recuperação em 2021, para os 35 milhões. Depois de ter conseguido um lucro de 6,6 milhões no ano anterior à Covid-19, registou prejuízos acumulados de 14,9 e 6,2 milhões em 2021 e 2022, respetivamente. A companhia, que chegou a ter 395 trabalhadores em 2018, foi forçada a prescindir de perto de metade da força de trabalho até ao final de 2021.
A Euroatlantic não recebeu ajudas de Estado e foi uma das empresas, a par da Ryanair, que contestou junto de Bruxelas a injeção de 3,2 mil milhões na TAP. A operadora aérea criticou a forma e o montante da ajuda, queixando-se de tratamento discriminatório do Estado português ao não conceder-lhe apoios, e sugeriu que a TAP fosse obrigada a reduzir a quota nas rotas em que a Euroatlantic está presente, fosse impedida de expandir a atividade ou de oferecer voos charter. Bruxelas deu luz verde aos auxílios de Estado, impondo apenas uma pequena redução de slots no aeroporto de Lisboa.
A Euroatlantic é acionista da STP Airways, que faz a ligação entre Lisboa e São Tomé. Segundo foi noticiado, a TAP contratou a companhia aérea em regime de ACMI para fazer a ligação a Natal, no Brasil, durante o mês de maio.
Diogo Lacerda Machado foi escolhido pelo Governo em 2016 para negociar uma solução para os lesados do BES e também para participar nas negociações com a Atlantic Gateway, o acionista privado da TAP, com vista à reversão parcial da privatização fechada em 2015. Foi na sequência da recompra das ações pelo Estado, em 2017, que Lacerda Machado entrou para a administração da companhia aérea. É atualmente diretor da Geocapital, uma sociedade com sede em Macau, e da Mystic Invest, a holding de investimentos no turismo do empresário Mário Ferreira.
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