BCE mantém taxas de juro e admite aumentar estímulos
O Conselho de Governadores liderado por Mario Draghi manteve a taxa de juro nos 0%. Já o programa de compra de ativos mantém-se até ao fim ano, mas pode aumentar e ser prolongado, diz o BCE.
O Conselho de Governadores do Banco Central Europeu (BCE) deixou inalterada a taxa de juro diretora na Zona Euro, uma decisão amplamente esperada pelos analistas. Decidiu ainda manter a dimensão atual do programa de estímulos económicos, que prevê a compra de 60 mil milhões de euros de ativos mensais. Prevista está também a possibilidade de estender em dimensão e no tempo o atual programa de compra de ativos, no caso do outlook económico se deteriorar.
Para já, os responsáveis de política monetária do espaço do euro mantiveram a taxa de juro de referência do espaço do euro nos 0%, apesar de alguns analistas começarem já a antecipar sinais de que o fim da era dos juros zero poderá estar para breve. O próprio BCE terá considerado a possibilidade de subir juros já na reunião de março, tendo optado por em nada mexer, em resultado dos números da inflação.
Já no que respeita à dimensão do atual programa de estímulos, em comunicado o BCE “confirma que a compra líquida de ativos, ao novo ritmo mensal de 60 mil milhões de euros, é intenção que se mantenha até ao fim de dezembro de 2017, ou para além disso, caso necessário, e em qualquer circunstância até que o Conselho de Governadores veja um ajustamento sustentado no percurso da inflação consistente com o seu objetivo.”
O BCE admite mesmo “aumentar o programa em termos de dimensão e/ou duração”, caso “o outlook se torne menos favorável ou as condições financeiras se tornem incompatíveis com novos progressos no sentido de um ajustamento sustentado no percurso da inflação”.
Recuperação económica “cada vez mais sólida”, mas inflação ainda pesa
No que respeita ao cenário económico, as palavras de Draghi na conferência de imprensa que se seguiu ao anuncio da manutenção do atual quadro da política monetária do BCE apontaram para a melhoria das perspetivas económicas na região, apesar da baixa inflação continuar a representar um risco.
“É verdade que o crescimento está a melhorar, que as coisas estão a ficar melhor”, afirmou o presidente do BCE perante os jornalistas esta quinta-feira. E acrescentou: “Em 2016 estávamos a falar de uma recuperação frágil e desigual. Agora é sólida e abrangente“.
O italiano referiu que os dados económicos da área do euro estão a revelar-se cada vez mais resiliente e que tal levou os membros do Conselho de Governadores a discutir até que ponto deveriam mudar a sua avaliação relativamente aos riscos para o crescimento. Aquilo que não terá sido discutido foram eventuais mudanças das atuais orientações, que apontam para que as taxas de juro permaneçam nos mínimos atuais por um período extenso de tempo, bem como o horizonte para as compras líquidas de ativos.
Os receios em torno dos preços na Zona Euro continuam a marcar a agenda de estímulos monetários da entidade liderada por Mario Draghi, que salientou a volatilidade da inflação que apresenta resistência em subir. Exemplo disso foi o que aconteceu em março, com a inflação a fixar-se nos 1,5%, abaixo dos 2% registados no mês anterior. “Ainda temos de observar uma tendência convincente de recuperação da inflação”, referiu a esse propósito o presidente do BCE. Relativamente a abril, Mario Draghi afirmou que a expectativa é no sentido de uma subida da inflação, para se manter nesse nível ao longo do resto do ano.
(Notícia atualizada às 15h18 com mais informação sobre a conferência de imprensa)
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