Lula da Silva confirmado em Bruxelas para cimeira da UE com América Latina
A agenda da cimeira entre a UE e a América Latina ainda tem arestas para limar, entre as quais a presença do presidente ucraniano ou a referência à guerra no comunicado final.
O Presidente do Brasil, Lula da Silva, confirmou a sua presença na cimeira da União Europeia (UE) com os países da Comunidade de Estados Latino-Americanos e Caribenhos (CELAC), este mês em Bruxelas, disseram à Lusa fontes diplomáticas.
De acordo com as fontes diplomáticas europeias, o Presidente brasileiro confirmou esta quinta-feira oficialmente que participará presencialmente naquela que será a primeira reunião de alto nível entre os dois blocos em oito anos, prevista para 17 e 18 de julho em Bruxelas.
Fontes comunitárias já haviam dito à Lusa que o Brasil, enquanto maior país da CELAC, teria de estar presente neste encontro, em que se pretende um reforço das relações europeias com a América Latina.
A preparação da cimeira UE-CELAC esteve esta sexta em cima da mesa na reunião dos representantes permanentes dos Estados-membros da UE, em Bruxelas, e nessa ocasião foi discutida a possibilidade de convidar o Presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, a juntar-se ao encontro, mas ainda não se sabe se isso acontecerá e de que forma poderia acontecer (se via participação digital ou presencialmente).
Isto porque, adiantaram as fontes diplomáticas europeias à Lusa, esta é uma questão complexa para os países da América Latina, e, “para que a cimeira seja um sucesso, toda a gente precisa de estar acordo”. No início desta semana, num encontro com jornalistas europeus (incluindo a Lusa) em Madrid a propósito da presidência espanhola do Conselho da UE, fontes do executivo espanhol disseram esperar um “elevada participação” da América Latina nesta cimeira UE-CELAC.
Depois de oito anos sem reuniões de alto nível, a cimeira da UE com a CELAC, juntará dentro de duas semanas os 27 líderes dos Estados-membros europeus e, espera-se, dos 33 países da América Latina e Caraíbas, além dos presidentes das instituições europeias.
Para Madrid, a cimeira será, além do maior evento da presidência espanhola, uma janela de oportunidade para todos os países, principalmente da América Latina, com destaque para o maior país da região, o Brasil, dada a mudança na Presidência brasileira e a sua maior abertura ao mundo e à Europa. A ideia é nesta ocasião firmar uma declaração conjunta com uma referência ao acordo da UE-Mercosul, o Mercado Comum do Sul, formado por Argentina, Brasil, Paraguai e Uruguai, mas segundo um rascunho consultado pela Lusa não há qualquer menção específica.
Em vez de mencionar o acordo da UE-Mercosul, o rascunho mais atualizado dessa declaração conjunta apenas indica que “a ratificação e a correta aplicação dos acordos existentes são uma prioridade”. Ainda assim, a expectativa é que a cimeira seja um ponto de partida para eventuais desenvolvimentos durante este semestre na conclusão do acordo UE-Mercosul, que abrange 25% da economia global e 780 milhões de pessoas, quase 10% da população do mundo.
O acordo comercial foi estabelecido pelas partes em 2019, altura em que foram concluídas as negociações, mas a sua ratificação está paralisada por causa das reservas ambientais e também por receios comerciais de países europeus.
No seu todo, a região da América Latina e Caraíbas é responsável por mais de 50% da biodiversidade do planeta, representando também 14% da produção mundial de alimentos e 45% do comércio agroalimentar internacional líquido. É ainda uma potência para energias renováveis, com as fontes alternativas a serem responsáveis por cerca de 60% do cabaz energético da região. Espanha assume a presidência do Conselho da UE neste segundo semestre de 2023.
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