Polémica na escolha de economista dos EUA para Concorrência da UE. Bruxelas defende nomeação

Nomeação de Fiona Scott Morton está a gerar enorme controvérsia em Bruxelas e Paris. Norte-americana já trabalhou como assessora de grandes tecnológicas como Apple ou Amazon.

Apesar da oposição dos eurodeputados e do Governo francês, a Comissão Europeia defendeu a sua decisão de nomear uma professora norte-americana com ligações às grandes tecnológicas como economista-chefe do seu Departamento de Concorrência. A nomeação de Fiona Scott Morton, antiga economista do Departamento de Justiça dos Estados Unidos, está a gerar controvérsia.

“O Colégio [de Comissários] tomou uma decisão sobre esta nomeação. Não vemos razões para reconsiderar”, afirmou um porta-voz da Comissão Europeia, citado pelo Euronews.

O mesmo porta-voz avançou que foram recebidas apenas 11 candidaturas, o que demonstra o “elevado nível de especialização exigido”, e que todos os candidatos passaram por cinco fases de avaliação, incluindo uma entrevista com a comissária da União Europeia (UE) para a Concorrência, Margrethe Vestager.

O mandato de Fiona Scott Morton consistirá em aconselhar a Comissão Europeia sobre investigações relativas a alegados comportamentos anticoncorrenciais, propostas de fusões, aplicação da Lei dos Mercados Digitais (DMA) e regulamento da UE destinado a controlar o poder de mercado das grandes empresas tecnológicas.

O Colégio de Comissários nomeou Fiona Scott Morton na passada terça-feira. Tendo em conta que a atual professora de economia na Universidade de Yale já trabalhou como assessora em grandes tecnológicas como a Amazon e a Apple, a UE já veio garantir que haverá um período de reflexão de dois anos, durante o qual a profissional não poderá trabalhar em dossiers sobre as empresas para as quais trabalhou recentemente.

Eurodeputados pedem que a decisão seja anulada

A notícia da nomeação fez ‘soar os alarmes’, nomeadamente em Bruxelas e França. Os presidentes dos quatro maiores grupos políticos do Parlamento Europeu expressaram o seu desagrado numa carta enviada a Vestager, na sexta-feira.

“Numa altura em que as nossas instituições são objeto de um intenso escrutínio em relação à interferência estrangeira, não compreendemos que se considerem candidatos de fora da UE para um cargo tão estratégico e de tão alto nível”, afirmam. E pedem que a decisão seja reconsiderada.

A eurodeputada dos Países Baixos Esther Lange também manifestou o seu “apoio total” aos grupos políticos que assinaram a carta. “Por mais competente que seja, não é do nosso interesse estratégico”, defendeu numa publicação no Twitter.

Em França, as críticas também têm crescido. Três ministros franceses, entre os quais a ministra dos Negócios Estrangeiros, Catherine Colonna, manifestaram a sua preocupação.

“A nomeação da economista-chefe da Direção da Concorrência da Comissão Europeia é uma surpresa. A regulamentação digital é uma questão fundamental para a França e para a Europa. Esta nomeação merece ser reconsiderada pela Comissão Europeia”, escreveu Catherine Colonna no Twitter.

Fiona Scott Morton deverá começar a desempenhar as suas novas funções a 1 de setembro, com um contrato de três anos.

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