Zona Euro trava a fundo e desperta receios de uma recessão
Produção no espaço do euro caiu pelo segundo mês consecutivo em julho para mínimos de oito meses. Mercado de trabalho teve o menor aumento mensal de emprego desde fevereiro de 2021.
O bloco da moeda única está a abrandar e em julho terá contraído para níveis de novembro. Segundo o flash PMI (Purchasing Managers’ Index) Compósito (estimativa para o PMI) do PIB da Zona Euro em julho, publicado esta segunda-feira pelo S&P Global e o Hamburg Commercial Bank, a atividade económica do espaço do Euro caiu 2% em julho face a junho para os 49,9 pontos, o valor mais baixo dos últimos oito meses, ficando abaixo das previsões da maioria dos analistas.
“A última leitura assinala uma segunda queda mensal sucessiva da produção em termos de volume, após cinco meses de expansão contínua, tendo a taxa de contração acelerado relativamente à descida marginal registada no final do segundo trimestre”, refere a S&P Global em comunicado.
Os dados revelados esta segunda-feira notam ainda que as condições da procura agravaram-se de forma generalizada e as entradas de novas empresas caíram a um ritmo cada vez mais acentuado em julho, registando a maior queda desde novembro passado.
Para Portugal também não é uma boa notícia a entrada em contração da economia alemã, com a produção a cair pela primeira vez desde janeiro e ao ritmo mais acentuado desde novembro passado. “Uma queda especialmente acentuada da produção fabril alemã, que se deteriorou a uma taxa não observada desde 2009, se excluirmos os meses de confinamento devido à pandemia, foi acompanhada por um abrandamento acentuado do crescimento da atividade dos serviços, que, por sua vez, foi impulsionado por uma perda acentuada de novas encomendas de serviços”, refere o comunicado da S&P Global.
Para Cyrus de la Rubia, economista-chefe do Hamburg Commercial Bank, “a economia da Zona Euro deverá continuar a entrar em território de contração nos próximos meses, uma vez que o setor dos serviços continua a perder força.” Cyrus de la Rubia reforça essa perspetiva com o facto de “tanto os índices PMI de novas empresas como os de empresas pendentes no setor dos serviços terem caído para território de contração pela primeira vez desde o início do ano.”
A criação de postos de trabalho foi apenas “modesta” em julho, refletindo um segundo mês consecutivo de perdas líquidas de postos de trabalho na indústria transformadora e o menor ganho de postos de trabalho no setor dos serviços em cinco meses.
Segundo os dados divulgados, o declínio das novas encomendas excedeu o da produção a um nível não observado desde fevereiro de 2009, “sugerindo que as empresas procurarão reduzir ainda mais a produção nos próximos meses em resposta ao agravamento do ambiente da procura”, lê-se ainda no comunicado da S&P Global.
Além disso, é ainda notada uma perda acentuada de novas encomendas no setor de produção de bens, “que registou uma das descidas mais acentuadas desde 2009 e foi acompanhada pela primeira descida das novas encomendas de serviços em sete meses.”
Segundo a avaliação do Hamburg Commercial Bank, o abrandamento da economia da Zona Euro durante o mês de julho foi também acompanhado por um forte abrandamento do mercado de trabalho.
“Com a confiança a diminuir e o ambiente de procura a piorar, as empresas recuaram nas contratações em julho, o que levou ao menor aumento mensal do emprego desde fevereiro de 2021″, refere o relatório do S&P Global. A criação de postos de trabalho foi apenas “modesta”em julho, refletindo um segundo mês consecutivo de perdas líquidas de postos de trabalho na indústria transformadora e o menor ganho de postos de trabalho no setor dos serviços em cinco meses.
Ao nível da evolução dos preços, os dados divulgados esta segunda-feira revelam que as pressões inflacionistas continuaram a abrandar em julho, notando que “a taxa de inflação dos custos dos meios de produção voltou a cair em julho, descendo pelo décimo mês consecutivo para o seu valor mais baixo desde novembro de 2020 e caindo ainda mais abaixo da média de longo prazo do inquérito.”
Além disso, os dados revelam ainda que os preços médios cobrados por bens e serviços aumentaram à taxa mais lenta dos últimos 29 meses. Porém, Cyrus de la Rubia considera que os “dados do PMI não terão agradado às autoridades do Banco Central Europeu”, como resultado de os preços do setor privado continuarem a subir.
“Assim, a presidente do BCE, Christine Lagarde, vai certamente manter-se firme e aumentar as taxas de juro em 25 pontos base na próxima reunião monetária, no final de julho”, vaticina o economista-chefe do Hamburg Commercial Bank. Recorde-se que o Comité de Política Monetária do BCE irá reunir-se esta quinta-feira, esperando-se que dessa reunião resulte mais uma subida de 25 pontos base das taxas diretoras.
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