Banca rejeita haircut na Efacec superior aos obrigacionistas
Os obrigacionistas vão reunir em assembleia geral a 7 de agosto para votarem proposta da Mutares e resultado será decisivo para a reprivatização da Efacec.
Os bancos não aceitam um corte de dívida (haircut) na Efacec superior à que foi proposta pelo fundo Mutares aos obrigacionistas, revelou ao ECO uma fonte que conhece as negociações. Embora as discussões entre o fundo que ganhou o concurso de reprivatização da Efacec e a banca estejam a correr bem, os credores bancários exigem que o esforço seja partilhado pelos obrigacionistas, com um corte idêntico da dívida. No entanto, alguns obrigacionistas estão a fazer um braço de ferro para que o corte de 50% não seja aceite na assembleia geral do próximo dia 7 de agosto. Caso o haircut não seja aceite, o processo de reprivatização da Efacec pode voltar a falhar.
Os bancos estão dispostos a aceitar o corte de dívida que a Efacec tem proposto pelo fundo alemão e “trabalhar com a Mutares para o futuro a empresa”, apurou o ECO junto de fonte próxima do processo. A posição da banca é “construtiva”, insistiu a mesma fonte em declarações ao ECO.
No entanto, esse futuro é incerto, não só porque a empresa está perto da insolvência se o Estado deixar de injetar mensalmente cerca de dez milhões de euros para apoiar a tesouraria e o pagamento de salários, mas também porque os bancos fazem questão que os obrigacionistas tenham um corte idêntico ao que vier a ser negociado com a banca. E em caso de insolvência são os obrigacionistas que estão mais expostos, dado que, provavelmente, perderiam a totalidade do investimento, 58 milhões de euros que vencem em 2024, enquanto a banca tem parte dos financiamentos concedidos à Efacec com garantia do Estado.
Apesar deste risco, uma parte dos obrigacionistas apelou publicamente para que a proposta de corte de 50% da dívida que vence em 2024, feita pelo fundo alemão não fosse aceite. Um braço-de-ferro que parece assentar na ideia de que o Governo continuará a injetar dinheiro na empresa, caso não os obrigacionistas não aceitem o corte em cima da mesa. Mas, um corte inferior “terá como consequência direta a liquidação da empresa”, acrescentou a mesma fonte.
O Estado, recorde-se, já injetou 132 milhões de euros na Efacec, a que se somam mais 85 milhões de euros em garantias. A empresa tinha uma exposição à banca de 150 milhões, dos quais os referidos 85 milhões garantidos pelo Estado.
Embora a Mutares ainda esteja muito empenhada na transação e, neste ponto, não se fala de desistência, com a Mutares e a Parpública a trabalharem para cumprir o acordo de reprivatização e conseguir um closing da operação, a verdade é que a assembleia-geral de 7 de agosto – na qual os obrigacionistas vão votar a proposta da Mutares – vai ser uma milestone determinante para o sucesso da operação. Há um leque de marcos necessários para o closing, como a aceitação dos bancos e obrigacionistas de determinadas condições, entre outras questões menores, explicou a mesma fonte.
Dependente do sucesso da reprivatização da Efacec está também o interesse da Mutares na Jayme da Costa. As negociações de compra da empresa estão suspensas deste que o fundo alemão foi selecionado para a reprivatização da Efacec, tal como o ECO avançou, e só depois de uma due diligence total para perceber sinergias e complementaridades com a Efacec, ou outra empresa que o Grupo Mutares detenha, é que será tomada uma decisão se avançam ou não com a compra. Entretanto, tal como o Jornal de Negócios escreveu, a Visabeira já avançou com uma proposta de compra de 50% da empresa deditos pela Core Capital.
(Notícia atualizada às 17h36)
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