“Reconheço que haverá dificuldades e sobressaltos” na Efacec, diz Costa Silva
A Mutares tem "uma aposta clara em Portugal e elegeram o país como base de trabalho para o futuro ao nível da transição energética", garante Costa Silva. Ministro em silêncio sobre números do negócio.
“Reconheço que haverá dificuldades e sobressaltos” na Efacec, disse o ministro da Economia esta quarta-feira, reconhecendo também que “há uma perda de quadros da empresa”. António Costa Silva reiterou “acreditar que o processo vai terminar de acordo com aquilo” que o planeado e que todos os sinais que recebe “são positivos”.
“As suas inquietações são as minhas”, disse Costa Silva em resposta ao deputado social-democrata Paulo Rios Oliveira, na comissão parlamentar de Economia, Obras Públicas, Planeamento e Habitação, esta quarta-feira. No entanto, o ministro da Economia garantiu: “Todos os sinais que recebo são positivos e acredito que a vontade das pessoas muda e será possível mudar trajetórias menos felizes”.
Apesar da clara “perda de quadros da empresa”, António Costa Silva explicou que a Mutares pretende “preservar a capacidade tecnológica da empresa e re-atrair os recursos humanos”, já que a Efacec vai “necessitar de reforço de recursos humanos”.
A venda da empresa tecnológica está prevista para o final do mês, mas o ministro da Economia insiste que não pode revelar quaisquer dados sobre a venda da Efacec. “O silêncio é de ouro a bem do país e da solução para a Efacec. Partilharemos esses números quando for possível. Isto é tudo o que se pode dizer nesta fase”, disse Costa Silva, recusando responder se haverá perdas por parte dos obrigacionistas e se o Banco de Fomento e a Parpública vão entrar no negócio.
António Costa Silva reiterou que “a Mutares foi a melhor resposta” que o Governo encontrou no mercado e que já teve a “ocasião para trocar opiniões com todo o management da Mutares inclusivamente os seus responsáveis máximos”. A Mutares tem portefólio de 32 empresas e um volume de negócios de cinco mil milhões de euros por ano, precisou.
O ministro da Economia recordou que a Mutares já está em Portugal, uma vez que já estavam a trabalhar com a Jayme da Costa, antes mesmo de se envolverem na Efacec. A Mutares está a tentar comprar esta empresa de fabrico de equipamentos elétricos e sistemas eletromecânicos que é detida a meias por um fundo da Core Capital e pela Visabeira, que, em consórcio com a Sodecia, também concorreu à compra da Efacec.
A Mutares tem “uma aposta clara em Portugal e elegeram o país como base de trabalho para o futuro ao nível da transição energética”, garante Costa Silva, acrescentando que o grupo alemão “conhece bem o setor energético português”. Por isso, o ministro da Economia já explicou ao fundo alemão todos os ativos que Portugal tem e a sua capacidade de gerar energia renováveis, a base da mudança da matriz energética. Costa Silva acredita que será possível “criar um cluster de energias renováveis a preços muito competitivos”.
O ministro da Economia sublinhou que “a Mutares está a trabalhar com administração da Efacec, a identificar as áreas de trabalho face àquilo a que se comprometeu”. “Têm um plano para a preservação da companhia e para desenvolver o seu potencial tecnológico que passa por trabalhar os mercados alvos que conhecem bem como a Alemanha e EUA, pôr à disposição da Efacec todo o ecossistema que têm na área da energia para produtos como os transformadores, as soluções de mobilidade, aparelhos de automação, todos os aparelhos que a Efacec tenha que possam ser usados. Também têm um ecossistema em torno da indústria de transportes com a Toyota e as utilities que tem em conjunto com a Murares”, acrescentou.
Questionado sobre se a Efacec vai ser alvo de uma auditoria para aferir responsabilidades, Costa Silva respondeu apenas que estão a ser levados a cabo “auditorias, bem como de um processo de due diligence”, com a informação que tem de ser “apurada em processos deste tipo”. Confrontado pelo deputado da Iniciativa Liberal, Carlos Guimarães Pinto, de que não se trata do mesmo tipo de avaliação, já que uma se insere no processo de venda, ou seja, aferir qual a situação atual e qual a possível situação futura e outra é apurar responsabilidade passadas, Costa Silva voltou a escudar-se na garantia de que será entregue à Assembleia da República toda a informação no final do processo.
Carlos Guimarães Pinto quis saber quem é o elemento da Parpública, acionista da Efacec, que acompanha os trabalhos na empresa diariamente, mas, apesar das inúmeras insistências o ministro da Economia disse apenas que “a Parpública acompanhou sempre as operações na Efacec ao nível do conselho de administração” e acabou por admitir que não sabe “em concreto quem no conselho de administração está mandatado para acompanhar”. O deputada da IL pediu para que o nome fosse enviado após a audição, mas Costa Silva disse apenas que “tudo o que posso dizer não é benéfico para a solução final do problema”.
Uma solução que deverá estar por dias e cujo anúncio dependerá das negociações com os credores, disse o ministro da Economia.
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