BCE tira “borla” de 100 milhões aos bancos portugueses
Banco central vai passar a remunerar reservas mínimas dos bancos a 0% a partir de 20 de setembro. Decisão vai retirar das contas dos bancos portugueses cerca de 100 milhões de euros por ano.
A decisão do Banco Central Europeu (BCE) de cortar a remuneração das reservas mínimas dos bancos para 0% a partir de setembro vai custar cerca de 100 milhões de euros por ano à banca portuguesa, de acordo com cálculos do ECO.
Até agora, o banco central remunerava as reservas mínimas da banca com a mesma taxa que aplicada à facilidade permanente de depósito, que acabou de subir 25 pontos base para 3,75% esta quinta-feira, numa decisão largamente esperada. Mas isso acabou. Da última reunião do Conselho do BCE saiu a decisão de “fixar a remuneração das reservas mínimas obrigatórias em 0%.”
A instituição liderada por Christine justificou que esta decisão vai preservar a eficácia da política monetária “ao manter o atual grau de controlo sobre a orientação da política monetária e garantir a transmissão plena das decisões sobre as taxas de juro aos mercados monetários”.
Em junho, os bancos portugueses detinham reservas mínimas no montante de 2,7 mil milhões de euros junto do Banco de Portugal, um valor que se tem mantido relativamente estável nos últimos dois anos.
Contas feitas, se até agora os bancos estavam a receber juros num montante equivalente a 100 milhões de euros por ano, com a decisão do BCE de cortar a remuneração das reservas para 0% vão perder este ganho. O BCP revelou que, no seu caso, implicará um custo ligeiramente superior a 10 milhões.
BCE alivia fardo sobre o Banco de Portugal
Por conta da subida das taxas de juro, os bancos centrais estão a registar prejuízos de muitos milhões de euros (o Bundesbank registou o primeiro prejuízo em quarenta anos), pois as obrigações do Tesouro que compraram no passado estão a render juros baixos, e isto enquanto estão a remunerar os fundos dos bancos depositados no banco central a taxas cada vez mais altas.
Por conta das reservas mínimas, o corte da remuneração permitirá ao banco central liderado por Christine Lagarde poupar cerca de 6 mil milhões de euros por ano. Isto assumindo que deixa de remunerar à taxa de 3,75% — que poderá voltar a subir na próxima reunião do BCE de setembro.
As reservas mínimas são saldos de reservas que as instituições de crédito são obrigadas a deter junto do seu banco central nacional do Eurosistema por um período de seis a sete semanas, designado “período de manutenção”, num montante mínimo equivalente a 1% das responsabilidades específicas, principalmente depósitos de clientes — para as responsabilidades de prazo igual ou inferior a dois anos é aplicado o coeficiente de 1% e, para as restantes, 0%.
De outra forma: no caso do corte à “borla” dos bancos portugueses, é o supervisor liderado por Mário Centeno que vai poupar esse dinheiro anualmente, pelo que a decisão do BCE vai aliviar a pressão sobre as suas contas.
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