Lucro do Crédito Agrícola quase triplica para 174 milhões até junho
Margem financeira do banco duplicou no primeiro semestre do ano, superando os 330 milhões de euros, compensando descida dos resultados nos seguros e perdas nos fundos imobiliários.
O lucro do Crédito Agrícola quase triplicou no primeiro semestre do ano. Atingiu um resultado líquido de 174,1 milhões de euros entre janeiro e junho, o que corresponde a um aumento de 170% em relação ao mesmo período do ano passado.
Tal como aconteceu nos outros bancos, também o grupo liderado por Licínio Pina beneficiou e muito da subida das taxas de juro. No caso do Crédito Agrícola, a margem financeira — que resulta da diferença entre os juros cobrados nos empréstimos e os juros pagos nos depósitos — disparou para 334,4 milhões de euros, mais do dobro do que havia registado há um ano.
De acordo com o banco, a taxa da margem financeira situou-se nos 2,80%, comparando com 1,28% do período homólogo. Em média, os seus ativos (sobretudo empréstimos) renderam uma taxa de 2,94%, enquanto pagou 0,14% de taxa média nos passivos (sobretudo depósitos).
O aumento da margem mais do que compensou a quebra no negócio dos seguros, onde a margem técnica recuou 35,7% para 43,3 milhões.
Com as comissões a subirem 16% para 78,3 milhões, o grupo registou um produto bancário de 456 milhões de euros, um aumento de 57,9% face ao primeiro semestre do ano passado.
O negócio do banco foi assim o grande responsável pelos lucros consolidados do grupo: contribuiu com 156,6 milhões de euros, disparando 374,6% em relação ao período homólogo, enquanto as empresas seguradoras (CA Vida e Seguros) viram o resultado cair 68,4% para 8,1 milhões e os fundos imobiliários tiveram um prejuízo de 6,1 milhões.
Crédito e depósitos em queda
O Crédito Agrícola também não escapou às grandes tendências do setor no que diz respeito ao crédito e aos depósitos, que contraíram em resultado do ambiente de aumento brusco das taxas de juro.
Em relação à carteira de crédito, registou um decréscimo de 0,1% para 11,97 mil milhões de euros, com o crédito às famílias a recuar 1,5% para 5,03 mil milhões de euros, uma evolução justificada em parte por 132,8 milhões de amortizações antecipadas do empréstimo da casa. O crédito às empresas e setor público aumentou 0,8% para 6,93 mil milhões.
Os recursos de clientes sob a forma de depósitos caíram 3,0% para 19,8 mil milhões de euros, menos 611 milhões em relação a dezembro. O que acontece é que muitas famílias utilizaram os depósitos para pagar o crédito da casa antes do tempo ou para investir nos Certificados de Aforro. O Crédito Agrícola diz, no entanto, que a partir de março já começou a contrariar a tendência.
O banco chegou ao final de junho com um rácio de transformação de depósitos em crédito nos 57%.
Quanto à qualidade da carteira de crédito, o rácio de malparado agravou-se em 0,3 pontos percentuais para 5,4%, o que traduz um aumento de 44 milhões de euros. O malparado ascendia a 629,9 milhões no final de junho. Para estes NPL (non performing loans) o Crédito Agrícola tinha de lado 384,4 milhões de euros, conferindo um grau de cobertura por imparidades de 61%.
Em termos de solvabilidade, o Crédito Agrícola regista rácios de capitais próprios de nível 1 (CET1) e de fundos próprios totais de 21,2%, acima dos níveis mínimos requeridos pelos reguladores.
(Notícia atualizada às 10h53)
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