Médicos internos contra “aumentos salariais irrisórios” apresentados pelo Ministério da Saúde

A FNAM exige que os médicos internos sejam integrados no primeiro grau da carreira médica e tenham direito à justa valorização salarial. Profissionais vivem "cenário cada vez mais difícil", diz.

O cenário vivido pelos médicos internos é “cada vez mais difícil“, das horas extraordinárias não remuneradas aos salários baixos. O relato é feito esta quinta-feira pela Federação Nacional dos Médicos (FNAM), que critica os reforços remuneratórios apresentados pelo Ministério da Saúde e exige a integração desses profissionais no primeiro grau da carreira médica. Também por causa da insuficiência desses aumentos, decorre esta quinta-feira o segundo dia da greve dos médicos internos convocada por uma outra estrutura sindical, o Sindicato Independente dos Médicos (SIM).

“Durante cinco anos, depois de seis anos de formação médica, os médicos internos enfrentam um cenário cada vez mais difícil, não só pelos vencimentos baixos e as más condições de trabalho, mas sobretudo porque são confrontados com uma responsabilidade bem acima do que deveria ser exigido para quem está em formação e onde nem sequer lhes é reconhecido o primeiro grau da carreira médica”, salienta a FNAM esta manhã.

Perante estes contornos, na visão dessa estrutura sindical, os aumentos salariais apresentados pelo Ministério da Saúde “são irrisórios”. “Os de formação geral passariam a ganhar mais 48 euros, os de formação especializada nos primeiros anos mais 89 euros e nos últimos anos mais 142 euros, face aos valores praticados atualmente de 1.653,74 euros, 1.928,69 euros e 2.032,93 euros, respetivamente”, explica a FNAM.

E, segundo a estruturas sindical, “estes valores são indignos e insuficientes para que os médicos internos consigam fazer face ao aumento do custo de vida, com impacto acrescido na habitação e alimentação”.

Deixa, portanto, um aviso: nas atuais condições, o internato médico é uma “odisseia de desconsideração e de frequentes atropelos laborais“, que leva estes profissionais a procurar oportunidades fora do Serviço Nacional de Saúde (SNS), isto é, no privado ou mesmo no estrangeiro.

Assim, a FNAM exige, com o objetivo de “salvar as carreiras médicas e o SNS”, a integração dos internos no primeiro grau da carreira médica e “a justa valorização salarial em todas as fases da formação, com cumprimento de horários e condições de trabalho que permitam previsibilidade e conciliação da vida profissional, pessoal, familiar e social dos médicos internos”.

“O Ministério da Saúde sabe que os Serviços de Urgência dependem em grande medida do trabalho destes médicos”, alerta a FNAM.

Também em defesa de melhores salários para os médicos internos, o SIM convocou uma greve de dois dias, que arrancou esta quarta-feira. As primeiras horas contaram com uma adesão superior a 80%, segundo o sindicato. Também o SIM exige a integração dos internos no primeiro patamar da carreira médica.

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