Precariedade leva mais portugueses ao desemprego
O número de pessoas que se inscreveram no IEFP em julho por terem visto terminar o contrato de trabalho não permanente subiu, agravando-se o seu peso no total do novo desemprego.
A precariedade atirou mais portugueses para o desemprego ao longo de julho do que no mesmo mês do ano passado. O fim dos contratos de trabalho não permanentes é, regra geral, a principal causa das novas inscrições nos centros do Instituto do Emprego e Formação Profissional (IEFP), mas no último mês o peso desse motivo no novo desemprego registou mesmo um agravamento, tanto em cadeia como em termos homólogos.
Vamos por partes. De acordo com os números divulgados esta semana pelo IEFP, ao longo do mês de julho, inscreveram-se nos centros de emprego do continente 40.755 indivíduos. Destes, 47,52% chegaram ao IEFP na sequência do fim de contratos não permanentes, de acordo com os cálculos do ECO.
Esse já costuma ser o principal motivo por detrás do novo desemprego, mas em julho verificou-se um agravamento do peso: em comparação, em junho, do total de inscritos nos centros de emprego (cerca de 37 mil indivíduos), 44,28% indicaram como motivo o fim do trabalho não permanente, o que significa que, num mês, houve um salto de mais de três pontos percentuais.
Vale a pena olhar também para os dados absolutos: se em junho 16 mil tinham ficado sem trabalho por terem visto o contrato acabar, em julho esse total superou a fasquia dos 19 mil indivíduos.
Peso da precariedade no novo desemprego agrava-se
Fonte: IEFP
Aliás, entre junho e julho, o número total de novas inscrições aumentou mais de 10%, sendo que quase 80% da diferença é explicada pelos precários.
Por outro lado, há um ano, em julho tinham sido registadas 16.561 novas inscrições no IEFP na sequência do fim do trabalho não permanente, o equivalente a 47,08% de todos os novos desempregados que chegaram ao IEFP. Em termos relativos, a diferença entre julho de 2023 e julho de 2022 é de apenas 0,44 pontos percentuais, mas em termos absolutos está em causa um aumento de mais de 2.800 indivíduos.
Convém frisar, contudo, que estas inscrições ocorreram ao longo do mês, pelo que não se pode dizer que todas as pessoas estejam ainda desempregadas. Por outro lado, os totais referidos não abrangem todos os desempregados, uma vez que nem todos se inscrevem no IEFP.
Mais inativos passam a procurar um novo emprego
Os dados do IEFP permitem perceber também que outros motivos, além da precariedade, levaram os portugueses ao desemprego ao longo do mês.
Por exemplo, em julho, cerca de quatro mil inscreveram-se nos centros de emprego por terem deixado a inatividade e decidido procurar ativamente um posto de trabalho. É o equivalente a 9,9% das novas inscrições, peso superior ao verificado em junho (em 1,1 pontos percentuais), mas inferior ao registado há um ano (em 0,67 pontos percentuais).
Entre os outros motivos para as inscrições no IEFP, destaque para os 5.549 indivíduos que se inscreveram depois de terem sido despedidos e para os 2.547 indivíduos que chegaram ao centro de emprego por se terem despedido. Representam, respetivamente, 13,62% e 6,25% do novo desemprego, abaixo do verificado há um mês, mas acima do registado no período homólogo de 2023.
Importa notar que, do ponto de vista global, depois de estar desde fevereiro a descer, o desemprego registado pelo IEFP, no fim do mês subiu 2% para cerca de 277 mil indivíduos desempregados.
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