Portugal entre os cinco países que vão liderar o mercado eólico flutuante em 2030, prevê GWEC
O mercado dos aerogeradores flutuantes é dominado por cinco países, sendo Portugal um dos que vão liderar o setor em 2030. China destrona Europa nas eólicas offshore.
Apesar de a tecnologia ser emergente, Portugal está entre os cinco países que lideram o mercado da energia eólica flutuante, estando igualmente presente no bloco de nações que terão maior representação neste setor até ao final da década.
A revelação surge no mais recente relatório da Global Wind Energy Council (GWEC), uma associação que agrega produtores e a indústria de produção de componentes para a energia eólica que junta mais de 1.500 empresas, organizações e instituições de 14 países. No documento, a instituição aponta que Portugal, o Reino Unido, a Noruega, a China e o Japão são atualmente os cinco principais mercados em termos de instalações eólicas flutuantes atualmente em operação.
Só em 2022, foram instalados mais de 66 MW megawatts (MW) de nova energia eólica flutuante em todo o mundo, dos quais 60,2 MW encontram-se na Noruega e 6,2 MW na China. Com estas novas adições, no ano passado, existia a nível global cerca de 187,8 MW de aerogeradores flutuantes a produzir energia, sendo que Portugal representa 25 MW do total dessa potência graças ao parque Windfloat Atlantic instalado ao largo de Viana do Castelo, em 2020. O valor coloca Portugal à frente da China 11 MW) e do Japão (2 MW), mas atrás da Noruega (66,1 MW) e do Reino Unido (78 MW).
Segundo o relatório, embora a experiência de cada uma destas nações ofereça lições para os países que decidirem apostar nesta tecnologia, “todos terão dificuldade em garantir infraestruturas portuárias e uma cadeia de abastecimento que consiga acomodar as grandes exigências deste setor“.
Em Portugal, o alerta não é novo, tendo sido ecoado por diversos promotores, nacionais e internacionais, pelo centro de investigação português Wavec e até mesmo pelo grupo de trabalho responsável pela elaboração de um plano para o lançamento do primeiro leilão de eólicas offshore. Na avaliação partilhada com o Ministério das Infraestruturas, em junho, o grupo considera que “a infraestrutura portuária atual não reúne todas as condições necessárias para o desenvolvimento industrial do eólico offshore“ sendo, por isso, necessária a “especialização de cada porto”.
Ainda assim a GWEC prevê que Portugal conste na lista de países que dominarão o setor das eólicas flutuantes até 2030, isto com base nos planos avançados pelo Governo que prevê que, no âmbito do leilão, sejam licitados 10 gigawatts (GW) — a maioria em plataformas flutuantes — em capacidade até ao final da década. Até ao final do ano, deverão ser colocados a concurso 3,5 GW para serem explorados ao largo de Viana do Castelo, Leixões e Figueira da Foz.
A representação portuguesa neste mercado emergente acontecerá numa altura em que a GWEC prevê que a energia eólica offshore flutuante seja totalmente comercializada até ao final da década. Nessa altura, espera-se que a potência global de turbinas flutuantes seja de 26 GW, com o continente europeu a representar 66% de novas adições, ao passo que a Ásia e a América do Norte terão contribuído com 32% e 6%, respetivamente.
“Atualmente, o Reino Unido, a Noruega, Portugal, a China e o Japão são os cinco principais mercados em termos de total de instalações eólicas flutuantes. Até ao final de 2030, é provável que a Coreia do Sul substitua o Japão no grupo dos cinco primeiros”, lê-se no relatório.
China destrona Europa nas eólicas offshore
Além dos aerogeradores flutuantes, que tendem a estar mais afastados da costa, existem também as estruturas fixas ao leito marinho, isto é, turbinas fixadas no fundo do mar mas que se encontram mais perto da costa. Neste campo, o mercado mundial de eólicas offshore tem crescido cerca de 21% todos os anos da última década. Só em 2022, o total de instalações ascendeu os 64,3 gigawatts (GW), o que que representava 7% da capacidade eólica mundial no final desse ano, o segundo valor mais elevado de sempre, revela a GWEC.
O bloco europeu foi, até ao ano passado, líder neste tipo de instalações mas segundo o GWEC, a região da Ásia-Pacífico, mais especificamente a China, superou a Europa no mercado das eólicas sobre o mar. A causa? O aumento dos custos e as perturbações na cadeia de abastecimento, ambos resultados da guerra na Ucrânia. Por exemplo, no mês passado, a Reuters dava conta que o promotor sueco Vattenfall suspendeu os planos para um novo parque eólico offshore ao largo da costa leste de Inglaterra, afirmando que o aumento dos custos significava que já não era viável.
Em 2022, a Europa representava cerca de 47% dos 64,3 GW de capacidade eólica offshore global, enquanto a região da Ásia-Pacífico a ultrapassou com quase 53%, de acordo com dados do GWEC. Na análise por mercados, a associação revela que a China representou quase 49% do total das novas instalações de eólicas offshore, seguindo-lhe o Reino Unido com 21% e a Alemanha com 12,5%.
“O total de instalações eólicas offshore na Europa ultrapassou os 30 GW até ao final de de 2022, representando 47% do total mundial. No entanto, a Europa perdeu o título de maior mercado regional de energia eólica offshore para a Ásia, uma vez que só na China o total de instalações eólicas ultrapassou os 30 GW no final do ano passado”, detalha o relatório. Para além da China, outros grandes mercados asiáticos na Ásia incluem o Taiwan (1,4 GW), o Vietname (0,8 GW), a Coreia do Sul
(0,1 GW) e o Japão (0,1 GW).
Os desafios europeus obrigaram a GWEC a atualizar as previsões para os próximos anos. Segundo a análise, espera-se que o Velho Continente acrescente um total de 34,9 GW em capacidade eólica offshore entre 2023 a 2027, abaixo dos 40,8 GW que tinha sido projetado no relatório do ano passado. Já a região da Ásia-Pacífico deverá contribuir com 76,1 GW no mesmo período, impulsionada pela China, que será responsável por 84% do aumento. O relatório considera assim ser “pouco provável” que a Europa recupere a sua posição nos próximos 10 anos.
A associação antecipa que, pelo menos, até 2032, sejam instalados mais de 380 GW de nova capacidade eólica offshore a nível mundial, elevando a capacidade total para 447 GW. Mas para atingir os objetivos de neutralidade carbónica e limitar o aquecimento global, tanto a Agência Internacional de Energia como a Agência Internacional de Energias Renováveis estimam que a capacidade eólica offshore terá de exceder os 2.000 GW até 2050.
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