S&P tira rating do BCP do “lixo” e melhora outlook do Totta
Decisão surge na sequência da melhoria da perspetiva de Portugal para “positivo” na passada sexta-feira devido ao crescimento económico resiliente e redução da dívida.
A Standard & Poor’s acabou de tirar o rating do BCP BCP 0,00% do patamar investimento especulativo, ou como os investidores chamam “lixo”. A agência subiu a notação de risco do banco liderado por Miguel Maya em um nível, de “BB+” para “BBB-“, colocando-a num nível de qualidade de investimento a partir de agora.
Ao mesmo tempo, a S&P melhorou as perspetivas de evolução do rating do Santander Totta de “estável” para “positivo”, o que abre a porta a uma subida da notação de risco nos próximos meses. Atualmente o banco presidido por Pedro Castro e Almeida conta com um rating de “BBB+”.
Em ambos os casos, a decisão surge na sequência da melhoria da perspetiva de Portugal para “positivo” na passada sexta-feira, devido ao crescimento resiliente da economia e à redução da dívida pública e externa.
“Prevemos que os bancos portugueses continuarão a reportar um forte desempenho operacional e preservarão uma melhor qualidade dos ativos e capitalização, à medida que beneficiam da desalavancagem do setor privado num contexto macroeconómico resiliente no país”, explicam os analistas. Por esta razão, reviram a tendência de risco do sistema bancário português de “estável” para “positivo”.
A S&P antecipa um crescimento de 2,5% em termos reais em 2023, “acima dos pares europeus”, devido aos efeitos de carry over, ao pacote de apoio, fortes exportações líquidas, particularmente no turismo. A expansão continuará no período entre 2024-2026 à boleia dos fundos europeus.
Para os bancos, a resiliência da economia significa que o crédito malparado será “contido” e “gerível”. “O rácio de NPL deverá aumentar no período de 2023-2024 e atingir o pico entre 5,2% e 5,8% ao longo de 2024, face a uma estimativa de 4,4% no final de março de 2023, devido à pressão do custo de vida, inflação relativamente elevada e condições financeiras mais apertadas”, apontam a agência americana.
O custo do risco deverá aumentar cerca de 60 pontos base. “Contudo, isto será gerível para os bancos”, acrescentam os analistas da S&P. “Embora o nosso cenário base seja que a carteira de crédito da casa se revelará resiliente apesar das elevadas taxas de juro, a maioria dos contratos está ligada a taxas variáveis (cerca de 90% do total) e poderá ser mais vulnerável ao aumento das taxas de juro, especialmente se as condições económicas e do mercado de trabalho enfraquecerem inesperadamente. Dito isto, notamos que os mutuários mais vulneráveis representam menos de 10% das hipotecas do sistema bancário“, consideram.
Por outro lado, esperam que o dinamismo dos preços das casas modere em 2023 tendo em conta que a procura por casas da parte de não residentes irá ser mais restringida devido ao fim dos vistos gold e às novas restrições no alojamento local.
Enquanto isso, a rentabilidade dos bancos vai continuar a melhorar e alinhar-se ao custo de capital. A S&P aponta para um ROE (rentabilidade dos capitais próprios) a rondar os 9% em 2023-2024, o dobro do registo histórico mais recente.
Em relação aos bancos sobre os quais atualizou o rating, a S&P destaca a eficiência e a rentabilidade “mais forte do que os pares” do Totta e a trajetória de redução dos ativos problemáticos do BCP.
(Notícia atualizada às 10h24)
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