FMI pede urgência na redução da dívida pública “teimosamente elevada”
Fundo Monetário Internacional pressiona os governos a tomarem medidas capazes de reduzirem as vulnerabilidades da dívida, nomeadamente por via de reformas no mercado de trabalho.
Por cada 100 euros de riqueza gerada anualmente, o mundo endivida-se em 238 euros. Os dados são do Fundo Monetário Internacional (FMI), que advoga a necessidade de os governos cortarem urgentemente os seus níveis de sobre-endividamento.
“Apesar da retoma do crescimento económico a partir de 2020 e de uma inflação muito mais elevada do que o previsto, a dívida pública manteve-se teimosamente elevada“, refere a equipa do FMI liderada por Vítor Gaspar, num comunicado publicado esta quarta-feira a propósito do lançamento da atualziação da Global Database.
A dívida mundial alcançou 220 biliões de euros no ano passado, o equivalente a 238% do PIB no ano passado, cerca de 9 pontos percentuais acima do valor registado em 2019 e 187 mil milhões de euros acima do nível registado em 2021.
“A China tem sido uma forte força da tendência de subida da dívida mundial, especialmente nos últimos 15 anos”, refere Vítor Gaspar na apresentação do update da Global Database do FMI, com as contas de Pequim a mostrarem um crescimento do nível de endividamento acima da taxa de crescimento do PIB.
“Nos próximos anos, os decisores políticos terão de ser inabaláveis no seu empenhamento em preservar a sustentabilidade da dívida”, refere o FMI, notando que os défices orçamentais da maioria dos governos contribuíram para manter os níveis da dívida pública elevados, “uma vez que muitos governos gastaram mais para impulsionar o crescimento e responder aos aumentos dos preços dos produtos alimentares e da energia, mesmo quando terminaram o apoio orçamental relacionado com a pandemia”.
Como resultado destas políticas, a dívida pública mundial diminuiu apenas 8 pontos percentuais do PIB nos últimos dois anos, “compensando apenas cerca de metade do aumento relacionado com a pandemia”, referem os analistas do FMI.
O Fundo destaca também que, nos últimos dois anos, a dívida privada, que inclui a dívida das famílias e das empresas não financeiras, diminuiu a um ritmo mais rápido, caindo 12 pontos percentuais do PIB. “Mesmo assim, o declínio não foi suficiente para apagar o aumento da pandemia”, salienta na mesma publicação.
Por essa razão, os analistas do Fundo recomendam que os governos tomem medidas urgentes para ajudar a reduzir as vulnerabilidades da dívida e inverter as tendências da dívida a longo prazo, nomeadamente através de reformas nos mercados de trabalho e do comércio que promovam o aumento da produção potencial a nível nacional.
No campo da dívida privada, o FMI ressalva que as políticas a adotar podem “incluir um acompanhamento atento dos encargos da dívida das famílias e das empresas não financeiras e dos riscos de estabilidade financeira conexos”. Por outro lado, indica ainda que, em relação às vulnerabilidades da dívida pública, “a criação de um quadro orçamental credível poderia orientar o processo de equilíbrio entre as necessidades de despesa e a sustentabilidade da dívida”.
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