Decisão do BCE “vai favorecer” radicalismos nas próximas eleições, alerta Marcelo

"Há um equilíbrio a fazer. A posição do BCE é muito rígida", disse o Presidente, que está preocupado que o impacto da decisão favoreça "populistas" nas próximas eleições.

O Presidente da Republica considera que a decisão do Banco Central Europeu (BCE) de subir, pela décima vez consecutiva, as taxas de juro na zona euro pode ter consequências a nível político, uma vez que se aproximam da data das eleições europeias agendadas para o próximo ano. “É uma dor de cabeça para todos os governos”, disse.

No Canadá, onde está em visita oficial, Marcelo Rebelo de Sousa admitiu estar “preocupado” que a subida das taxas de juro, acompanhadas de uma pressão sobre o rendimento das famílias, pode “favorecer” as posições mais radicais, ou “populistas”, nos resultados das próximas eleições europeias, alertando que “os eleitorados são muito sensíveis a problemas imediatos do dia-a-dia“.

“Preocupa-me o facto de isto [subidas das taxas de juro] acontecer perto do fim do ano. Se não houver condições de retoma [económica] no próximo ano, no horizonte das eleições, objetivamente, vai favorecer posições mais radicais do ponto de vista político, para não dizer mais populistas“, afirmou o Chefe de Estado, esta quinta-feira.

Para Marcelo Rebelo de Sousa, o banco liderado por Christine Lagarde deve “equilibrar” a “posição rígida” que assume ao pedir que os governos da zona euro retirem os apoios sociais – por serem apontados como uma das causas para a escalada da inflação –, ao mesmo tempo que sinaliza riscos de uma recessão económica e de uma subida do desemprego, em alguns setores.

“Um dos problemas que me preocupa nas sucessivas posições do BCE é que são acompanhados de pedidos aos governos para diminuir os apoios sociais, isto ao mesmo tempo que diz que o crescimento pode estar prejudicado. Há um equilíbrio a fazer. A posição do BCE é muito rígida“, vincou o presidente.

“As pessoas precisam de uns sinaizinhos de esperança, é só isso”, reforçou, depois de apontar que a linha seguida pelo BCE é como “um colete de forças europeu” e “uma dor de cabeça para todos os governos e para todos os cidadãos europeus”.

Esta quinta-feira, o BCE decidiu uma nova subida das taxas de juro na zona euro. De acordo com a decisão tomada pelo Comité de Política Monetária do Banco Central Europeu, as taxas diretoras do BCE vão aumentar 25 pontos base, com efeitos a partir de 20 de setembro. No entanto, o BCE sinaliza também, e pela primeira vez, que não deverá voltar a subir as taxas neste ciclo económico.

Notícia atualizada às 20h50

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