Conselho de Segurança da ONU perde credibilidade, diz Lula
Lula da Silva acusa o atual Conselho de Segurança de travar "guerras não autorizadas em busca de expansão territorial ou de mudança de regime".
O Presidente brasileiro, Luiz Inácio Lula da Silva, disse esta terça-feira que o Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas (ONU) tem perdido credibilidade porque os seus membros permanentes travam guerras sem autorização e defendeu uma reforma no órgão.
“O Conselho de Segurança da ONU vem perdendo progressivamente sua credibilidade. Sua paralisia é a prova mais eloquente da necessidade e urgência de reformá-lo, conferindo-lhe maior representatividade e eficácia”, afirmou o Presidente brasileiro na abertura dos debates gerais da 78.ª Assembleia-Geral da ONU.
Segundo Lula da Silva, a alegada fragilidade do Conselho de Segurança “decorre em particular da ação de seus membros permanentes, que travam guerras não autorizadas em busca de expansão territorial ou de mudança de regime”. “Sua paralisia é a prova mais eloquente da necessidade e urgência de reformá-lo, conferindo-lhe maior representatividade e eficácia”, completou.
O Presidente brasileiro abriu os debates da Assembleia Geral da ONU, com uma mensagem contra a fome, a pobreza e as desigualdades que existem no mundo. “A fome, tema central da minha fala neste Parlamento Mundial 20 anos atrás, atinge hoje 735 milhões de seres humanos, que vão dormir esta noite sem saber se terão o que comer amanhã”, disse Lula da Silva na abertura dos debates gerais da 78.ª Assembleia-Geral da ONU.
“O mundo está cada vez mais desigual. Os 10 maiores bilionários possuem mais riqueza que os 40% mais pobres da humanidade. O destino de cada criança que nasce neste planeta parece traçado ainda no ventre de sua mãe. A parte do mundo em que vivem seus pais e a classe social à qual pertence sua família irão determinar se essa criança terá ou não oportunidades ao longo da vida”, acrescentou.
Depois de elencar problemas causados pela desigualdade, o Presidente brasileiro defendeu que “é preciso antes de tudo vencer a resignação, que nos faz aceitar tamanha injustiça como fenómeno natural. Para vencer a desigualdade, falta vontade política daqueles que governam o mundo”. Lula da Silva, que está no terceiro mandato presidencial, retorna ao plenário da ONU após 14 anos. A última vez que discursou como Presidente brasileiro na ONU foi em 2009.
Hoje, o chefe de Estado brasileiro lamentou ter de mencionar mais uma vez a fome e as desigualdades como duas grandes ameaças que pesam sobre a humanidade, como fez em 2003, na primeira vez em que discursou neste fórum global.
Lula da Silva afirmou que, agora, vinte anos depois de participar pela primeira vez na ONU, a desigualdade se soma às consequências do aquecimento global, que “são mais sofridas pelos países mais pobres”, mas garantiu que não perde “a esperança” de que a comunidade internacional saberá como “corrigir o rumo” e “concentrar a sua agenda global no combate a todas as desigualdades”.
Lula da Silva, que está no terceiro mandato presidencial, retorna ao plenário da ONU após 14 anos. A última vez que discursou como Presidente brasileiro foi na Assembleia-Geral de 2009. A crítica à governança global também foi tema do discurso do secretário-geral da ONU, António Guterres, que sublinhou, na abertura do evento, que o Conselho de Segurança das Nações Unidas reflete a realidade política e económica de 1945, quando muitos países agora representados no plenário da ONU ainda estavam sob domínio colonial.
“O mundo mudou. As nossas instituições não. Não podemos resolver eficazmente os problemas tais como eles são se as instituições não refletirem o mundo tal como ele é. Em vez de resolverem problemas, correm o risco de se tornarem parte do problema”, disse Guterres.
(notícia atualizada às 18h10 com mais informação)
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