“Desconto” da prestação da casa paga juros no futuro
A adesão à moratória do Governo não "marca" as famílias no Banco de Portugal, justamente porque assume um mero reescalonamento da dívida, que será sujeito a juros no futuro.
A nova moratória do Governo para apoiar as famílias com crédito à habitação vai permitir baixar até 30% a prestação da casa durante dois anos. No entanto, não significa que haja um desconto sobre o montante em dívida dos empréstimos à habitação.
De acordo com o que o ECO conseguiu apurar, o capital diferido nos dois primeiros anos da moratória serão adicionados ao montante em dívida do crédito à habitação quatro anos após o término da fixação da prestação, e assim sujeitos posteriormente à taxa de juro na altura. Há assim uma procrastinação de uma despesa no presente para o futuro, acrescida dos juros nessa altura.
“Haverá naturalmente um juro aplicado sobre o diferimento do capital, porque o capital não foi pago no momento devido”, referiu na quinta-feira Fernando Medina na conferência de imprensa após o Conselho de Ministros.
Essa é também a razão para que as famílias não sejam “marcadas” na Central de Responsabilidades de Crédito do Banco de Portugal porque, desta forma, não há lugar a um perdão de dívida, mas a um reescalonamento do montante em dívida.
Além disso, a moratória do Governo revela também que o capital poupado nos dois primeiros anos não será sujeito a qualquer capitalização nos quatro anos seguintes até começarem a ser devolvidos. Há assim uma perda temporal para os bancos e um ganho para as famílias que, além de ganharem liquidez no imediato (redução da prestação), poderão utilizar a poupança da moratória para amortizar o capital em dívida no imediato — aproveitando também a eliminação da comissão de amortização antecipada, anunciada também na quinta-feira pelo ministro das Finanças.
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