Comissão Técnica propõe tirar tráfego não comercial do aeroporto de Lisboa e novo terminal
Relatório da Comissão Técnica Independente sobre o atual aeroporto de Lisboa defende aposta em aeronaves de maior dimensão e construção de um novo terminal com um custo estimado de 244 milhões.
A Comissão Técnica Independente (CTI) divulgou esta segunda-feira um relatório onde propõe soluções para a melhoria do aeroporto Humberto Delgado. Adotar políticas de incentivo a aviões com maior capacidade e desviar tráfego civil, militar e charters para outras infraestruturas são algumas das propostas.
“O Aeroporto Humberto Delgado (AHD) apresenta ineficiência operacional e de layout que condicionam o uso da capacidade instalada e a possibilidade de uma solução de médio prazo de incremento de capacidades“, conclui o Relatório da Análise de Curto Prazo da situação atual do aeroporto.
Segundo o documento, o foco das intervenções deve ser “orientado para soluções de novas infraestruturas imediatas, expeditas e não limitativas da operação corrente, bem como para soluções de otimização operacional que promovam a eficiência do uso da capacidade instalada“.
A CTI defende políticas que favoreçam as aeronaves de maiores dimensões em vez de as discriminar negativamente. Como? Dando prioridade às companhias aéreas com aeronaves de maior dimensão na atribuição dos slots (faixas horárias de descolagem e aterrarem) e através da política de preços.
A relatório propõe a “remoção do AHD de todo o tráfego não comercial” e redistribuição por outros aeroportos:
- tráfego civil para Cascais;
- tráfego militar (VIP) para uma base aérea, que não impacte com a operação do AHD, e a analisar com a Força Aérea Portuguesa (FAP)
- tráfego charter não regular para a base aérea de Beja e operações exclusivas de carga.
O documento aponta ainda melhoramentos tecnológicos que permitam uma gestão mais eficiente dos fluxos de tráfego e o uso de modelos de simulação para melhorar a coordenação do lado ar e terra.
Outro ponto salientado é a melhoria das infraestruturas aeroportuárias com ações de investimento, a realizar pela ANA, que tem a concessão até 2062. São exemplos a possibilidade de entradas múltiplas na pista 20 (a principal), taxiway paralelo, minimizando o cruzamento de pista, saídas rápidas para as pistas 20 e 2, a otimização de circulação no solo ou o aumento do número de estacionamentos de aeronaves.
Construção do terminal 3
A Comissão Técnica defende também “a criação de um novo Terminal T3, com acesso direto do exterior, e respetivas plataformas e taxiways de acesso” na zona militar de Figo Maduro, que teria de ser transferida para outra base aérea, até existir um novo aeroporto de raiz em Lisboa.
Esta opção obriga ainda a uma restruturação da rede de infraestrutura de vigilância de navegação aérea e estudar o acesso de veículos rodoviários à Torre de Controle. A estimativa preliminar de custos, incluindo edifícios, estacionamentos e estruturas de acesso, é de cerca de 243,5 milhões de euros, sem expropriações. Um valor “a reavaliar com estudo prévio”. A nova infraestrutura “poderá eventualmente servir para as companhias low cost“.
O relatório sugere ainda que seja avaliado o alargamento do terminal 1, removendo o parque automóvel adjacente e construindo uma alternativa.
Nova infraestrutura “é urgente”
“O conjunto destas ações deverá permitir uma utilização mais eficiente da capacidade instalada e criar uma folga na afetação de slots, não se alterando a capacidade declarada de 38 movimentos hora“, considera o documento.
A ideia é também melhorar a qualidade do serviço e o conforto no Humberto Delgado durante o período até à entrada em funcionamento de uma primeira fase de uma nova infraestrutura aeroportuária.
Não sendo possível aumentar a capacidade, a CTI conclui que “a decisão e aceleração da conclusão de uma primeira fase de um novo aeroporto, assume assim um caráter de urgência”.
O relatório agora divulgado foi entregue ao Governo no início de setembro, para análise, e fará parte do relatório final com a Avaliação Ambiental Estratégica para o reforço da capacidade aeroportuária na região de Lisboa.
“A CTI entendeu, em concordância com os objetivos pelos quais foi mandatada pelo Governo, que encaminhar antecipadamente esta análise e soluções para o Executivo permitiria ganhar tempo útil na ponderação de decisões de investimento e de melhoria de operacionalidade no AHD”, sustenta.
(Notícia atualizada pela última vez às 12h00)
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