Deputados do Chega abandonam plenário em protesto contra Santos Silva
"O senhor presidente, meu presidente já não é, desta bancada já não é, de uma parte do país já não é, e eu não o reconheço como presidente da AR, e vou-me embora", disse Ventura a Santos Silva.
O Grupo Parlamentar do Chega abandonou esta terça-feira o plenário da Assembleia da República em protesto por declarações do presidente do parlamento, ao sugerir que a presença de deputados do partido na manifestação pró-habitação no sábado foi um “ato de provocação”.
No início da sessão plenária, o líder do Chega pediu a palavra para acusar Augusto Santos Silva de não ter tido “uma única palavra de condenação para atos que, em qualquer outro país, com quaisquer outros deputados, mereceriam uma condenação clara”.
No sábado, uma comitiva do Chega que incluía três deputados do partido – Rui Paulo Sousa, Filipe Melo e Jorge Galveias – foi escoltada pela Polícia de Segurança Pública (PSP) para fora do local onde estava a decorrer uma manifestação pela habitação e justiça climática, em Lisboa, após protestos de participantes. André Ventura considerou que Santos Silva tinha a oportunidade de “emendar a mão” e “dizer ao país e ao parlamento que a violência nunca, em caso algum, é aceitável”.
“Se não conseguir fazer isto, é porque o senhor presidente não é presidente de todos os deputados, é porque não é presidente de todos os membros deste parlamento”, afirmou.
Na resposta, Augusto Santos Silva considerou que “a violência é sempre condenável” e, num regime democrático, “é ilegal”, mas ressalvou que, “para que a convivência democrática se possa estabelecer e decorrer com a normalidade que a Constituição e a lei requerem”, é também necessário que não haja “atos de provocação”.
“Devemos respeitar as manifestações cujos produtores, cujas motivações e cujos objetivos estão muito distantes dos nossos. Devemos saber respeitar porque essa é uma condição da convivência democrática: nem impedir os outros de se manifestar, nem nos imiscuirmos em protestos ou manifestações que, manifestamente, nada têm a ver connosco”, disse.
Após esta intervenção, Ventura voltou a pedir a palavra e a criticar Santos Silva. “O senhor presidente, meu presidente já não é, desta bancada já não é, de uma parte do país já não é, e eu não o reconheço como presidente da Assembleia da República, e vou-me embora, que é para isso que eu estou aqui”, disse, tendo depois toda a bancada do Chega abandonado o plenário.
No dia anterior, em conferência de imprensa, Ventura tinha também chamado “cobarde” ao Presidente da Assembleia da República. Um “mimo” para Santos Silva que avisou o deputado do Chega: “Quando me vê não se vê ao espalho”.
No sábado, os deputados do Chega Rui Paulo Sousa, Filipe Melo e Jorge Galveias, chegaram à Alameda D. Afonso Henriques, em Lisboa, pelas 15:00, onde decorria a manifestação pelo direito à habitação, e pouco depois foram recebidos por várias pessoas a gritar “racistas, fascistas, não passarão”, a apupar os deputados e a exigir para que se fossem embora. Os manifestantes juntaram-se em torno dos deputados, o que levou a equipa de intervenção rápida da PSP a rodear os parlamentares, formando um cordão de segurança no qual foram escoltados para fora do local da manifestação.
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