Diminuição da carga fiscal nos combustíveis atira receita dos impostos “ambientais” para mínimos de 1995
Política de mitigação da alta do preço dos combustíveis, via redução do ISP, resultou num abrandamento da receita dos impostos "ambientais" em Portugal, para 4,6 mil milhões.
O valor dos impostos ambientais em 2022 ascendeu a cerca de 4,6 mil milhões de euros, correspondendo a 5,3% da receita com impostos e contribuições sociais em Portugal naquele ano, que compara com a subida de 6,6% do ano anterior.
De acordo com os dados divulgados pelo Instituto Nacional de Estatística (INE), esta segunda-feira, aquele valor representou uma diminuição de 7,5% relativamente a 2021, o que compara com o aumento de 14,8% observado para o total da receita de impostos e contribuições sociais. A causa? A redução da receita do imposto sobre produtos petrolíferos (ISP), medida adotada pelo Governo para mitigar o aumento dos preços dos combustíveis.
Entre essas medidas, o INE destaca a introdução do mecanismo de revisão dos valores das taxas unitárias do ISP aplicáveis, no continente, à gasolina e ao gasóleo rodoviário, e o mecanismo mensal de redução da carga fiscal equivalente ao que resultaria da redução da taxa do IVA de 23% para 13%, nas taxas unitárias do ISP.
“Aquela diminuição contrasta com a evolução do valor total da receita de impostos e contribuições sociais (crescimento de 14,8%), o que implicou uma perda acentuada da importância relativa deste tipo de impostos no sistema fiscal português“, acrescenta o INE na nota divulgada.
“É ainda de referir que, desde 2016, os impostos com relevância ambiental têm vindo a perder peso tanto no PIB (1,9%) como no valor total da receita de impostos e contribuições sociais (5,3%). De facto, em 2022, esse peso atingiu o valor mínimo desde 1995, em ambos os indicadores“, revelou o gabinete de estatísticas nacional.
Entre 2021 e 2022, e devido à política de mitigação do aumento dos preços dos combustíveis, o imposto sobre os produtos petrolíferos e energéticos perdeu importância relativa nos impostos com relevância ambiental, passando de 70,7% para 60,1%, detalha o INE.
Citando os dados da Direção Geral de Energia e Geologia (DGEG) sobre a estrutura de preços do gasóleo e da gasolina 95, em Portugal Continental, verifica-se que o peso dos impostos no preço de venda ao público do gasóleo passou, em média, de 55% para 40%, entre 2021 e 2022, e para a gasolina 95, de 60% para 48%, para o mesmo período.
Os impostos com relevância ambiental, informa o INE, “incidem sobre bens e serviços que possuem um potencial impacto negativo sobre o ambiente”. Comparativamente a 2021, o peso destes impostos na receita fiscal incluindo contribuições sociais foi superior em Portugal (6,6%) comparativamente à média da União Europeia (5,5%). E tal como em Portugal, a maioria dos países da UE regista um peso relativo mais elevado dos impostos sobre a energia no total dos impostos com relevância ambiental. Em 2021, esse peso relativo em Portugal (76,6%) foi inferior à média do bloco europeu (78,4%)
Por categorias, em 2022, os impostos sobre a energia representavam 72,1% do total da receita dos impostos com relevância ambiental. Os impostos sobre os transportes tinham um peso de 26,1%, enquanto os impostos sobre a poluição e sobre os recursos tinham uma expressão insignificante (1,3% e 0,5%, respetivamente).
Avaliando a receita com impostos ambientais por tipo de contribuinte, o INE dá conta que, em 2021, 45,6% das receitas com estes impostos teve origem nas famílias e 52,1% teve origem nos diversos ramos de atividade económica.
No bolo dos principais contribuintes, as famílias representam a maior fatia dos impostos sobre a poluição (78,5%) e sobre os recursos (61,2%). Em contrapartida, foram os ramos de atividade que mais contribuíram para a receita dos impostos sobre os transportes (50,6%) e sobre a energia (52,9%), que compara com 49,4% e 44,1% nas famílias, respetivamente
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