AICEP mantém plano de abrir delegação em Israel em 2024. “Por ora, o timing previsto não está afetado”
“As novas delegações, incluindo Telavive, foram calendarizadas para abrir durante 2024. Por ora, o timing previsto não está afetado”, diz AICEP. Tecnologia, saúde e agropecuária lideram investimento.
Apesar da escalada de violência na região do Médio Oriente, iniciada há quase duas semanas depois dos ataques do Hamas em Israel, a AICEP assegura ao ECO que mantém a intenção de abrir uma nova delegação em Telavive durante o próximo ano.
“Por ora, o timing previsto não está afetado”, responde a agência liderada por Filipe Santos Costa, depois de questionada sobre o impacto que o atual contexto de instabilidade no território tem no prazo e na ambição que tinha previsto para esta estrutura em Israel.
Já sobre o efeito que a guerra pode vir a ter nas exportações portuguesas e na captação de investimento com origem em Israel – atualmente centrado em setores como as tecnologias de informação, saúde e agropecuária –, o líder da AICEP, por via oficial, preferiu não fazer comentários. Para novembro chegou a estar prevista uma visita do presidente israelita, “acompanhado por uma missão empresarial”.
O conflito no Médio Oriente está a preocupar as empresas portuguesas que exportam para Israel e começam a fazer contas à vida. Um total de 933 sociedades (exclui as empresas em nome individual) vendeu mercadorias para aquele mercado em 2022, no valor de 441,7 milhões de euros (+27,1% em termos homólogos). Segundo apurou o ECO, em setores como o agroalimentar, do arroz ao vinho, os importadores já começaram a retirar ou a adiar encomendas.
No ano passado, Israel foi o 24.º maior destino das exportações nacionais, representando 0,56% do total, ocupando o 58.º posto na lista de fornecedores (0,11%). O setor agrícola é, de longe, o que mais vende para Israel. Em particular, com um montante aproximado de 220 milhões em 2022, a categoria de animais vivos.
Aliás, na lista das 15 maiores exportadoras portuguesas, 11 são comercializadores de bovinos e ovinos, provenientes sobretudo de explorações no Alentejo. Seguem-se as pastas celulósicas e papel, surgindo a Celbi e a Navigator em destaque no ranking dos exportadores.
Foi a 27 de setembro, durante a apresentação do plano estratégico 2023-2025, que o líder da AICEP anunciou o encerramento das delegações em Havana, Teerão e Cantão, para abrir outras três em Telavive, Riade e Singapura. A lógica, explicou na altura, é “focar a rede externa nos principais mercados emissores de investimento e nos mercados terceiros com maior potencial para o crescimento das exportações que têm mais capacidade de investimento”.
A reorganização da rede externa já estava prometida desde a tomada de posse de Filipe Santos Costa, que tinha como incumbência preparar a agência tutelada pelo Ministério dos Negócios Estrangeiros para os desafios do próximo triénio. Uma preparação que passava pela redefinição da rede externa, lançar um novo ciclo de atração de investimento produtivo e capacitar mais empresas para que possam apostar na internacionalização.
Na apresentação dos objetivos para o novo mandato da AICEP, em junho, o sucessor de Luís Castro Henriques indicou que nos mercados, que por razões políticas se fecharam aos fluxos de investimento e ao comércio internacional, seria preciso “pelo menos suspender a presença de Portugal, para não gastar recursos do erário público sem consequência”. Já o reforço de presença seria feito nos “mercados prioritários”, onde vê maior potencial para angariar investimentos produtivos.
E assim foi. A escolha recaiu sobre Havana e Teerão porque “não são potenciais emissoras de investimento” e sobre Cantão por ser “sobretudo um grande hub de exportações chinesas”, contextualizou Filipe Santos Costa, que ambiciona “focar a rede externa da Aicep onde seja possível captar investimento intensivo em capital e tecnologia”.
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