Crescente Vermelho palestiniano perdeu todos os contactos com Gaza
A empresa palestina de telecomunicações Paltel confirmou o "corte completo" dos serviços de comunicações, telemóvel e internet na Faixa de Gaza, devido aos intensos bombardeamentos.
O Crescente Vermelho palestiniano alertou esta sexta-feira que perdeu completamente o contacto com a sala de operações na Faixa de Gaza e todas as suas equipas que aí se encontram, devido a interrupções nas comunicações fixas, de telemóvel e Internet.
“Estamos profundamente preocupados com a capacidade das nossas equipas em continuarem a prestar os seus serviços médicos de emergência, especialmente porque esta interrupção afeta o número central de emergência 101, e dificulta o acesso das ambulâncias aos feridos”, afirmou a organização nas redes sociais.
O Crescente Vermelho expressou a sua preocupação com a segurança das equipas de saúde que trabalham na Faixa de Gaza, devido aos “contínuos e intensos ataques aéreos israelitas 24 horas por dia”, que demonstram que Israel “continuará a cometer crimes de guerra enquanto isola Gaza do mundo exterior”.
A organização apelou à comunidade internacional para pressionar as autoridades israelitas no sentido de garantirem “proteção imediata” à população civil, às instalações médicas e às suas equipas de saúde no enclave. O alerta do Crescente Vermelho surge no dia em que Israel anunciou que os militares vão ampliar as operações terrestres na Faixa de Gaza, a partir desta sexta, em paralelo com o bombardeamento do enclave.
“Como continuação da atividade ofensiva que realizamos nos últimos dias, as forças terrestres vão expandir a sua atividade esta tarde”, disse o porta-voz do Exército israelita, Daniel Hagari.
A empresa palestina de telecomunicações Paltel confirmou o “corte completo” dos serviços de comunicações, telemóvel e internet na Faixa de Gaza, devido aos intensos bombardeamentos ao enclave. “O corte é devido aos fortes bombardeamentos das últimas horas, que danificaram as linhas internacionais que ligam Gaza e que provocaram que fique fora de serviço”, confirmou a companhia em comunicado.
A Paltel, a única operadora que presta serviço no enclave, explicou que o ‘apagão’ absoluto das telecomunicações se deve à “agressão contínua” israelita e que se vê afetada também pelos danos sofridos nas linhas de telecomunicações pelos ataques de dias anteriores.
O primeiro-ministro palestiniano, Mohamed Shtayé, denunciou esta sexta que o corte total da internet na Faixa de Gaza é uma tentativa de Israel para “obscurecer” o que se passa no enclave palestiniano, controlado pelo Hamas, para uma iminente invasão terrestre.
“O mundo está num momento histórico para agir para parar a agressão e os massacres do nosso povo”, disse Shtaye no seu perfil do Facebook, onde anexou um vídeo que mostra o aumento dos bombardeamentos na Faixa.
OMS e Unicef perdem contacto com equipas em Gaza
Na rede social X (antigo Twitter) o diretor-geral da Organização Mundial de Saúde (OMS), Tedros Adhanom, também confirmou que perderam o contacto com os seus profissionais, bem com os parceiros humanitários em Gaza. O diretor-geral da OMS mostrou-se assim preocupado com a “segurança” e “riscos imediatos” para a saúde dos doentes vulneráveis.
“Perdemos o contacto com o nosso pessoal em Gaza, com as instalações de saúde, com os profissionais de saúde e com o resto dos nossos parceiros humanitários no terreno. Este cerco deixa-me seriamente preocupado com a sua segurança e com os riscos imediatos para a saúde dos doentes vulneráveis. Apelamos à proteção imediata de todos os civis e ao pleno acesso da ajuda humanitária“, lê-se.
Tweet from @DrTedros
Também a diretora-executiva da Unicef avançou entretanto, na rede X, que tinha perdido contacto com os colegas em Gaza. “Estou extremamente preocupada com a segurança deles e com mais uma noite de horror indescritível para um milhão de crianças”, escreveu Catherine Russell, que recorda que “todos os trabalhadores humanitários, e as crianças e famílias que servem, devem ser protegidos”.
O grupo islamita Hamas lançou em 7 de outubro um ataque surpresa contra o sul de Israel com o lançamento de milhares de foguetes e a incursão de milicianos armados, fazendo duas centenas de reféns. Em resposta, Israel declarou guerra ao Hamas, movimento que controla a Faixa de Gaza desde 2007 e que é classificado como terrorista pela União Europeia e Estados Unidos, bombardeando várias infraestruturas do grupo na Faixa de Gaza e impôs um cerco total ao território com corte de abastecimento de água, combustível e eletricidade.
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