“Não restava outra opção ao primeiro-ministro”. UGT reage a demissão de Costa

UGT diz que foi "apanhada de surpresa" pela polémica em torno dos negócios do lítio e reconhece que "não restava outra opção" que não a demissão a Costa. Reunião do CES sobre OE2024 cancelada.

Não lhe restava outra opção“. É assim o secretário-geral adjunto da UGT, reage ao pedido de demissão apresentado esta terça-feira pelo primeiro-ministro, depois de ter tomado conhecimento que é visado numa investigação em torno dos negócios do lítio e do hidrogénio verde. Ao ECO, Sérgio Monte garante que a central sindical que representa irá pugnar para que se mantenha o acordo de rendimentos assinado na Concertação Social, mesmo que tenha se voltar a ser assinado ou negociado com outro potencial Governo. Entretanto, estava marcada para esta tarde uma reunião do Conselho Económico e Social (CES) para aprovar o parecer ao Orçamento do Estado para 2024, mas o ECO sabe que não está a acontecer.

“Fomos todos apanhados de surpresa. Ao primeiro-ministro, face ao que ele próprio disse, não lhe restava outra opção. A bola está agora do lado do Presidente da República”, afirma o secretário-geral adjunto da UGT, em declarações ao ECO.

Agora que o primeiro-ministro apresentou o seu pedido demissão, há vários caminhos em cima da mesa: o Presidente da República pode dissolver a Assembleia da República e convocar eleições (e António Costa já assegurou que não se recandidatará) ou pode manter o Parlamento, abrindo a porta a que seja formado um novo Governo.

“É prematuro estar a falar disso”, atira o secretário-geral adjunto da UGT. Isto até porque o Chefe de Estado só deverá esclarecer o país na quinta-feira.

Quanto ao acordo de rendimentos assinado há um ano e reforçado há cerca de um mês, Sérgio Monte admite que as medidas podem estar em risco, uma vez que dependem da aprovação do Orçamento do Estado. Ora, se o país seguir para eleições e o Governo ficar em duodécimos, este não conseguirá avançar, por exemplo, com o alívio do IRS para os mais jovens.

Ainda assim, o sindicalista salienta que a UGT irá pugnar sempre para que se mantenha esse acordo (que prevê, nomeadamente, a subida do salário mínimo pata 900 euros até 2026). “Nem que tenha de voltar a ser assinado e negociado. Agora, tudo depende do que vai acontecer“, assinala Sérgio Monte.

CGTP quer o “apuramento de todos os factos”

Já a CGTP quer o apuramento dos factos que levaram à demissão do primeiro-ministro, alertando para o “agravamento das condições de vida” e apelando aos trabalhadores para que intensifiquem a luta, disse a secretária-geral, Isabel Camarinha. “Consideramos que deve haver o apuramento de todos os factos pelas entidades competentes”, destacou à Lusa.

No entanto, Isabel Camarinha preferiu salientar o “agravamento das condições de vida de trabalho e brutal aumento do custo de vida”, destacando que “ainda é mais urgente a resposta às reivindicações dos trabalhadores, até porque continuam a aumentar todos os dias as situações de trabalhadores que empobrecem a trabalhar, que não conseguem chegar até ao final do mês com os baixos salários”.

A secretária-geral da CGTP alertou ainda para “reformados e pensionistas com as baixas pensões”. “O apelo que fazemos é que os trabalhadores, independentemente desta situação, continuem a intensificar a luta que têm vindo a desenvolver pelo aumento geral dos salários”, e pela “garantia da efetivação dos direitos e naturalmente também para os reformados e pensionistas”.

Isabel Camarinha pediu ainda aos trabalhadores uma mobilização para a manifestação nacional em Lisboa e no Porto, convocada para o próximo sábado, dia 11 de novembro, acrescentando que “é preciso que haja estas respostas aos problemas e soluções para os problemas”.

Questionada sobre o impacto desta situação na aprovação do Orçamento do Estado para 2024, Isabel Camarinha disse que não queria “antecipar aquilo que será a decisão, que o Presidente da República terá de tomar”.

(Notícia atualizada às 18h18 com a reação da CGTP)

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