Banqueiros pedem “bom senso” e “rapidez” a superar crise política
Líderes da Caixa e Santander gostariam de ver Orçamento aprovado por causa da diminuição de impostos e aumentos dos salários da Função Pública. Banqueiros pedem rapidez a Marcelo para superar crise.
Os líderes dos principais bancos nacionais pedem “bom senso” e “rapidez” na resolução da crise política criada pela demissão do primeiro-ministro, para não “acrescentar instabilidade” ao ambiente internacional instável das altas taxas de juro e das guerras.
“É uma situação que não é minimamente agradável, não só pela reputação do país, mas vai criar compasso de espera que o país não precisa. Espero que prevaleça o bom senso”, referiu o presidente do BPI João Pedro Oliveira e Costa, na Money Conference, organizada pelo Dinheiro Vivo.
Embora a demissão de Costa não altere a perceção do país, como considerou a agência S&P, “as consequências podem alterar”, lembrou o presidente do BCP, Miguel Maya.
“Cria apreensão em relação ao país. Não é a demissão do primeiro-ministro que leva a uma degradação, mas se demoramos a reagir, pode levar a uma degradação. Temos de ser rápidos a dar resposta a este momento”, acrescentou o gestor.
Mas com o Orçamento do Estado para 2024 aprovado? “O Orçamento devia ser aprovado, o próximo devia apresentar um retificativo. Não se deve acrescentar incerteza à incerteza. Não se deve parar a diminuição dos impostos às pessoas e não ter os mecanismos previstos como o aumento dos salários da Função Pública”, referiu o presidente da Caixa Geral de Depósitos (CGD), Paulo Macedo.
Ainda assim, Paulo Macedo lembrou que “o que será célere demorará no mínimo quatro meses”, que pode ser “um tempo curto ou uma imensidão”. “Espero que todos tenham noção que é preciso continuar a fazer as coisas. Continuar o desenvolvimento do Banco de Fomento, a executar o PRR”, exemplificou.
Centeno a primeiro-ministro? “Tenho a maior admiração”
Questionado se gostaria de ver Mário Centeno como primeiro-ministro – o nome do governador do Banco de Portugal terá sido apontado por António Costa para liderar um novo Executivo –, o presidente do Santander Totta disser ter a “maior admiração” pelo seu antigo colega de curso.
“Foi meu colega no ISEG, foi o melhor aluno do curso e teria algo que é muito importante”, referiu Pedro Castro e Almeida, para depois considerar que Mário Centeno seria capaz de distinguir o que é a “espuma do dia-a-dia e o que é o longo prazo”.
Castro e Almeida referiu que a perceção de Portugal como local para investir “não vai mudar em dois ou três meses, mas a médio prazo pode” se se mantiver um cenário de instabilidade.
“O grande risco para o país tem a ver com a estabilidade da gestão do país”, disse. O líder do Santander Totta também gostaria de ver o Orçamento aprovado porque “o aumento das pensões e diminuição do IRS não deviam ser adiados”.
Novo Governo PS ou eleições? “Que seja rápido”
O presidente do Banco Montepio também está preocupado com o facto de se estar “acrescentar instabilidade à instabilidade”. “Estamos numa altura em que quase temos medo de acordar de manhã, saber qual a bomboca que nos vai calhar”, disse Pedro Leitão.
“Olhamos para o que está a acontecer na Europa e Portugal, com os volumes de crédito a decrescerem”, alertou, para depois concluir: “Seja qual for o cenário, que seja rápido e dentro dos termos da Constituição”.
“Precisamos é mesmo de estabilidade, que a decisão seja rápida”, rematou Carlos Brandão, do Novobanco. “A estabilidade é necessária, a banca precisa, as famílias e empresas precisam para tomarem decisões conscientes. Havendo uma decisão, a adaptação vai ser feita seguramente”, acrescentou o gestor.
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