Megaprojeto de aço verde ainda de olhos postos em Portugal. Sines em destaque

A sueca H2 Green Steel espera ter resposta dentro de seis meses sobre as condições que Portugal tem para receber o projeto. Primeira linha de produção arranca na Suécia, em 2025.

O CEO da sueca H2 Green Steel, Henrik Henriksson, afirma que a empresa mantém o interesse em instalar-se em Portugal. Em consideração está o sul de Lisboa e, em particular, Sines. A decisão está dependente da capacidade do país de dar resposta às necessidades energéticas da empresa, e o CEO espera ter mais informação nos próximos seis meses.

A H2 Green Steel é uma empresa especializada na produção de “aço verde”, através da descarbornização do processo de transformação do minério de ferro. O hidrogénio verde é um dos elementos desse processo. A indústria do aço é uma das mais poluentes, sendo responsável por 8% das emissões de CO2 mundiais.

Estamos a olhar para diferentes localizações na Península Ibérica, mas uma das localizações privilegiadas é aqui em Portugal”, indicou Henriksson, em declarações ao ECO/Capital Verde, à margem de uma conferência de imprensa na Web Summit, que decorre entre os dias 14 e 16 de novembro, em Lisboa.

Um sítio que nos parece bem é Lisboa, na área mais alargada, e o sul de Lisboa parece muito promissor”, adiantou o CEO, para depois esclarecer que Sines não só é uma das opções, como também uma das que tem merecido maior atenção por parte da empresa sueca.

A escolha está dependente, sobretudo, da resposta das autoridades – nomeadamente, a da entidade concessionária da Rede Nacional de Transporte de Energia Elétrica, que no caso português é a REN – sobre as possibilidades de alocação de energia. Precisam de uma conexão à rede que assegure uma capacidade entre 1000 a 1500 megawatts e “não há muitos lugares onde isto possa ser satisfeito”, explica o líder da H2 Green Steel. “Espero que tenhamos resposta nos próximos seis meses”, conclui.

No ano passado, o ECO já havia avançado que Portugal era uma das localizações que a ser estudada pela sueca H2 Green Steel e a Iberdrola para a instalação de uma unidade de produção de 1 gigawatt de hidrogénio verde, num investimento total de 2,3 mil milhões de euros.

Durante a sua intervenção num dos painéis na Web Summit, esta quinta-feira, Henrik Henrikson aponta a capacidade de produção de energia renovável como um dos fatores que fazem de Portugal um destino favorável para a instalação de uma segunda fábrica. Em 2025, a startup sueca avaliada em 60 mil milhões de euros, vai arrancar a produção de aço verde no país de origem e a expectativa é que consiga cobrir até 4% de todo o mercado de aço na Europa.

“Queremos copiar o conceito [da fábrica na Suécia] e reproduzir noutras partes da Europa. Uma das localizações mais prováveis será aqui em Portugal, para começar. Há boas condições, há boa capacidade de energia renovável e talento”, afirmou esta quinta-feira durante a sua intervenção.

Formada há quase três anos, a H2 Green Steel é uma empresa especializada na produção de “aço verde”, através da descarbornização do processo de transformação do minério de ferro. O hidrogénio verde é um dos elementos desse processo. A indústria do aço é uma das mais poluentes, sendo responsável por 8% das emissões de CO2 mundiais.

Segundo a H2 Green Steel, a produção de 1 gigawatt será usada como combustível para um forno de redução direta de aço (um método de produção que recorre ao gás natural ou hidrogénio e tem menos impacto ambiental), com capacidade para produzir até dois milhões de toneladas de “aço verde” e uma redução de até 95% das emissões de CO2. O eletrolisador será detido pela H2 Green Steel e pela Iberdrola, enquanto a unidade de redução direta será detida e operada pela empresa sueca. O objetivo é produzir entre 2,5 e 5 milhões de toneladas de aço verde por ano.

Aço verde é 25% mais caro mas 95% menos poluente

Henrik Henriksson foi considerado uma das 100 pessoas mais influentes da revista Time e segundo o próprio, enquanto líder de uma empresa que atua num setor “extremamente poluente”, a responsabilidade de impulsionar a transição e criar mudanças é crucial nos tempos que correm.

“O aço é um dos setores mais poluentes a nível mundial e é, ao mesmo tempo, um dos materiais mais utilizados diariamente a nível das infraestruturas e transportes. Descarbonizar o setor não vai obrigar a reconstruir a indústria toda“, afirmou, referindo que a produção por via da energia e gases renováveis não requer a substituição das máquinas que são utilizadas para produzir o aço hoje.

“Aço “castanho” ou “verde” são produzidos com as mesmas máquinas de soldagem, por exemplo. Com o H2 Green Steel, o nosso objetivo não é criar disrupções na indústria mas sim fazer a mudança”, disse, admitindo que embora o aço verde seja 25% mais caro do que o aço tradicional, emite menos 95% de dióxido de carbono durante a produção. “Esse é o tipo de resultados que queremos alcançar”, sublinhou.

Para o CEO sueco, a indústria automóvel poderá ser um dos principais beneficiados deste material dado que um carro é composto por aço até 600 quilos. A aposta neste recurso verde ao invés do tradicional, argumentou Henrikson, seria mais benéfica para o ambiente em oposição à alternativa utilizada hoje: certificados de compensação.

“Os carros elétricos produzidos e vendidos hoje que se dizem neutros em carbono só o são porque as empresas fazem a compensação através de certificados. Ao invés de pagarem até 200 euros em certificados, as empresas podem comprar um aço “verde” pelo mesmo preço e ter mais impacto“, atirou.

(Notícia atualizada às 16h01 com mais informações)

 

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