Que visão têm os candidatos do PS para a economia?

Pedro Nuno Santos dá prioridade aos salários e mais contenção no excedente orçamental, enquanto José Luís Carneiro se apresenta como o candidato da continuidade do Governo de António Costa.

Com a demissão de António Costa, as peças rapidamente se começaram a mexer dentro do PS para escolher um novo líder. Pedro Nuno Santos surgiu desde logo, já que se andava a posicionar nesse sentido depois de ter saído do Governo e começado um comentário televisivo, mas da ala mais moderada era ainda incerto quem ia avançar. Foi José Luís Carneiro quem acabou por se chegar à frente. O ministro da Administração Interna tem uma longa experiência autárquica, mas é pouco conhecido pelo público geral. Afinal, o que defende cada um para a economia?

Pedro Nuno Santos José Luís Carneiro

Os candidatos a secretário-geral do PS — que incluem também Daniel Adrião, membro da comissão política nacional do partido — ainda não avançaram com as moções estratégicas, tendo em conta que está ainda a terminar o processo de aprovação do Orçamento do Estado. As eleições diretas são a 15 e 16 de dezembro, pelo que aí o cenário já estará mais claro. Mas pelas ações e declarações públicas prestadas até agora e também os apoios que já foram sendo declarados, é possível perceber como se vão posicionar os candidatos socialistas.

Pedro Nuno Santos está mais à esquerda, tendo-se destacado enquanto secretário de Estado dos Assuntos Parlamentares na Geringonça, quando teve de negociar com as bancadas do Bloco de Esquerda e do PCP. Apesar de ser conhecido por esta vertente, o candidato está agora a fazer um esforço para se apresentar como um candidato moderado, nomeadamente ao conseguir o apoio de Francisco Assis.

Quem vai coordenar a moção do ex-ministro é Alexandra Leitão, também ela antiga ministra da Modernização do Estado e da Administração Pública, que tem vindo a criticar Costa nos espaços de comentário que ocupa. Tem ainda o apoio de figuras como Ana Gomes e Manuel Alegre. A campanha diz mesmo que 79 dos 120 deputados defendem este candidato.

José Luís Carneiro tem também o apoio de “senadores” e vários antigos ministros, como é o caso de Fernando Medina e Augusto Santos Silva. António Vieira da Silva e Luís Capoulas Santos, bem como o secretário de Estado da Presidência do Conselho de Ministros André Moz Caldas, são alguns dos nomes que fazem parte do conselho estratégico que coordena a moção com que vai concorrer às diretas do PS. Na lista de apoiantes incluem-se também figuras como Adalberto Campos Fernandes, ex-ministro da Saúde, Carlos Zorrinho e Lacerda Sales.

O ainda ministro da Administração Interna foi já secretário de Estado das Comunidades, bem como presidente da Câmara Municipal de Baião e presidente da federação do Porto do PS entre 2012 e 2016. Foi apoiante de António José Seguro, mas Costa decidiu na mesma dar-lhe cargos no seu Executivo.

Agora, representaria a continuidade do Governo de António Costa. Foi assim que Medina o caracterizou, apontando que José Luís Carneiro é o candidato à liderança do PS que dá “mais consistência” e “continuidade” às políticas do atual Governo. No dia seguinte, Carneiro defendeu que “deve ser um compromisso do país ter contas certas”.

Apesar desta continuidade, é de destacar que Pedro Nuno Santos também tem alguns membros do Executivo no seu “canto”: João Costa, Marina Gonçalves e Ana Abrunhosa apoiam o socialista. Duarte Cordeiro também já veio demonstrar o seu apoio ao candidato, com quem fazia parte do grupo dos “jovens turcos” — que incluía também João Galamba.

Pedro Nuno Santos destaca salários, habitação e território

O ex-ministro disse que não tinha como objetivo fazer oposição ao Governo mas deixou algumas críticas nos comentários semanais na SIC. Num comentário ao OE, que apelidou de “equilibrado”, defendeu que a redução da dívida pública podia ter sido feita de forma diferente, nomeadamente ao aproveitar a margem para aumentar os médicos e, “de forma faseada, repor o tempo de serviço dos professores”.

Já sobre a privatização da TAP, Pedro Nuno Santos tem sido crítico, apontando no seu comentário na SIC que o preço “não pode ser o último critério”. O candidato opõe-se a esta decisão, que ficará agora para o próximo Governo, tal como a localização do novo aeroporto.

Na apresentação da candidatura, salientou que tinha um caderno de encargos de “três preocupações centrais”: aumentar salários, apostar na habitação com custos acessíveis e valorizar o território. Defendeu assim a reforma do território, das florestas e da proteção civil, garantindo continuidade das políticas no crescimento da economia, na redução da dívida pública e na política de “emprego, emprego e mais emprego”.

Tem vindo a assumir uma posição mais moderada, apelando a que se afastem “conflitos artificiais” entre as alas “centrista moderada” e “esquerda radical” e pedindo a união do partido.

José Luís Carneiro defende OE e avança com proposta para as PME

De José Luís Carneiro não eram conhecidas as posições acerca dos principais temas económicos, até porque as pastas que tem liderado não estão tão ligadas a estes assuntos. Mesmo assim, sinalizou na apresentação da candidatura a vontade de “promover diálogo entre todos os parceiros sociais”, defendendo a capacidade de “dialogar com todos os partidos democráticos”.

Disse também ser “por um PS que está onde sempre esteve no espaço da esquerda democrática a favor da Europa, da democracia liberal e numa corrente política progressista e moderada que se dirige a toda a sociedade portuguesa”.

Entretanto, o candidato decidiu dar a conhecer já uma das primeiras ideias que vai fazer parte da moção, onde defende que “mais emprego, mais rendimentos e maior crescimento tem garantido a desejada redução da dívida e as contas certas”. No texto, aponta que é “fundamental o investimento que promova o aumento da competitividade e produtividade das nossas micro, pequenas e médias empresas que são responsáveis por mais de 80% do emprego”.

Assim, a proposta para as Pequenas e Médias Empresas (PME), tem três eixos. Por um lado, quer “baixar de imediato o custo do financiamento das PME na componente em que o estado pode intervir”, bem como estabelecer “a todos os organismos públicos um prazo máximo de 90 dias para os reembolsos dos financiamentos dos projetos apoiados fundos comunitários que continuada baixará para os 30 dias”. Tem ainda em vista “redirecionar para as PME uma parte dos fundos provenientes da União Europeia para apoiar os investimentos que tem que ser feito nos fatores de produção para a sua modernização”.

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