“Portugueses vão continuar a passar cheques para a TAP” com adiamento da privatização, diz CEO da Ryanair
O presidente executivo da Ryanair defende que a privatização da TAP devia avançar apesar da demissão do Governo, porque o processo é inevitável.
O CEO da Ryanair, Michael O’Leary, considera que o Governo deveria continuar com o processo de privatização da TAP, caso contrário a companhia terá ainda mais custos para os contribuintes portugueses.
“Não compreendo porquê o adiamento, uma vez que a privatização é inevitável“, afirmou o responsável da Ryanair durante uma conferência de imprensa, esta terça-feira, em Lisboa.
A venda de entre 51% e 100% da companhia aérea ficou suspensa com o anúncio da demissão do Governo e a convocação de eleições antecipadas, na sequência das investigações da Operação Influencer.
O adiamento “é penalizador para a TAP porque a companhia irá perder mais dinheiro até ser privatizada”, afirmou o CEO. “Quanto mais tempo a operação for adiada mais tempo os portugueses terão de continuar a passar cheques“, acrescentou.
A companhia aérea portuguesa está sob um plano de reestruturação que prevê a injeção de 3,2 mil milhões de euros. Faltam perto de 100 milhões de euros, que entrarão em duas tranches: uma em dezembro deste ano e outra no mesmo mês de 2024.
No final de setembro, o Conselho de Ministros aprovou a venda de, pelo menos, 51% do capital da companhia aérea a um investidor com escala da indústria de aviação. O diploma foi, no entanto, vetado pelo Presidente da República, que queria ver clarificados vários aspetos na legislação, nomeadamente o papel futuro do Estado na transportadora.
O objetivo do Executivo era aprovar o caderno de encargos da privatização entre o final deste ano e o início do próximo, esperando concluir o processo até ao fim do primeiro semestre de 2024, calendário que ficou comprometido.
A Ryanair convocou a conferência de imprensa para contestar o aumento das taxas aeroportuárias proposto pela ANA para 2024. Para Michael O’Leary, a “TAP irá sofrer muito mais do que a Ryanair” com o aumento dos custos inerente à decisão da concessionária.
A companhia apresentou o mês passado um lucro trimestral inédito de 180,5 milhões de euros entre julho e setembro, 69,2% acima do mesmo período do ano anterior. Com mais 5,2% de passageiros transportados a preços mais elevados, a TAP viu as receitas operacionais aumentarem 12,5%, enquanto os custos operacionais recorrentes aumentaram apenas 1,7%. O que permitiu melhorar a margem operacional para 22%.
No conjunto dos primeiros nove meses, os lucros somaram 203,5 milhões de euros, depois de no período homólogo ter sofrido um prejuízo de 90,8 milhões de euros.
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