União Europeia “chocada” com anúncio de que Israel vai construir mais colonatos
Chefe da diplomacia europeia assinala que colonatos israelitas são "uma grave violação do direito internacional humanitário". NATO apela a prolongamento da trégua entre Telavive e Hamas.
O chefe da diplomacia europeia disse esta segunda-feira que está chocado com o anúncio feito por Israel de avançar com a construção de “mais colonatos ilegais”, considerando que a ocupação de território palestiniano prejudica a própria segurança israelita.
“Estou chocado por saber que, enquanto continua esta guerra, o Governo israelita está prestes a alocar novos fundos para construir mais colonatos ilegais“, escreveu Josep Borrell na rede social X (antigo Twitter).
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O alto-representante da União Europeia (UE) para os Negócios Estrangeiros acrescentou que a decisão “não é legítima defesa e não vai melhorar a segurança de Israel”. “Os colonatos constituem uma grave violação do direito internacional humanitário e são o maior risco à própria segurança de Israel“, completou.
A construção dos colonatos, especialmente na Cisjordânia, são considerados pela população palestiniana e pela comunidade internacional com um dos maiores obstáculos a um processo de paz, uma vez constituem uma ocupação de território que não é israelita e agravaram as tensões entre Telavive e a Autoridade Palestiniana e com os países do Médio Oriente.
NATO pede extensão da trégua para ajudar Gaza e libertar mais reféns
O secretário-geral da NATO pediu esta segunda-feira uma extensão da trégua entre Israel e o movimento islamita Hamas, que possibilitou o regresso de uma parte dos reféns e a entrada de ajuda humanitária na Faixa de Gaza.
“Faço um apelo para uma extensão da trégua que nos permitirá prestar mais ajuda à população de Gaza e a libertação de outros reféns“, disse Jens Stoltenberg, em conferência de imprensa no quartel-general da Organização do Tratado do Atlântico Norte (NATO), em Bruxelas.
Durante os quatro dias de trégua entre Telavive e o movimento que controla a Faixa de Gaza foi possível libertar cerca de 60 reféns, 40 dos quais israelitas (mulheres e crianças), assim como a libertação de palestinianos (incluindo menores) que estavam detidos em Israel.
Logo no início da trégua, na sexta-feira, camiões com ajuda humanitária entraram em Gaza para prestar auxílio à população, privada há quase dois meses de acesso a necessidades básicas e enclausurada num território que está a ser assolado por bombardeamentos diários, no decurso da retaliação de Israel pelo atentado no seu território no dia 7 de outubro, o maior ataque contra a população judaica desde a Segunda Guerra Mundial.
A trégua foi mediada pelo Qatar e os dois lados já anunciaram que estão disponíveis para prolongá-la, mas ainda não há certezas de que isso vá acontecer. Em simultâneo, com as horas a passar e a trégua a chegar ao final, já houve movimentações dos militares israelitas, de acordo com relatos feitos nas imediações do enclave palestiniano.
Irão considera que EUA fazem parte do problema e não da solução do conflito
O Governo do Irão sublinhou esta segunda-feira que “não se espera que os Estados Unidos façam parte da solução” do conflito desencadeado após os ataques a Israel de 7 de outubro perpetrados pelo movimento islamita palestiniano Hamas.
O porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros iraniano, Naser Kanani, acusou Washington de “ignorar a realidade na Palestina” e de “fazer parte da guerra”. “Os Estados Unidos têm sido parte do problema durante as últimas décadas”, sustentou, denunciando que Washington “apoiou totalmente o regime sionista em todas as áreas e impediu o fim da guerra”.
Segundo Kanani, citado pela agência noticiosa iraniana Tasnim, os planos dos Estados Unidos “não ajudaram a pôr fim aos problemas” entre palestinianos e israelitas. Só ajudariam na procura de uma solução para o conflito, prosseguiu, se retirassem o apoio ao regime de Israel.
“Pelo que temos observado, os Estados Unidos querem alcançar o que não conseguiram através de meios políticos. Por outras palavras, querem materializar os seus objetivos não alcançados através de uma guerra cruel”, disse Kanani, que sublinhou que “a nação Palestiniana não permitirá que qualquer pessoa beneficie de interesses ilegítimos”.
“É a nação palestiniana que tem o direito de decidir o seu destino. As ações injustas dos Estados Unidos não ajudarão a resolver a crise sem levar em conta a realidade”, reiterou, ao mesmo tempo que referiu que Teerão apoiou os esforços para alcançar a trégua de quatro dias acordada entre Israel e o Hamas, que expira esta segunda-feira, sublinhando esperar que possam ser convertidos num “cessar-fogo permanente”.
Kanani lembrou que o Irão exige “o fim da agressão” israelita e afirmou que “o regime [de Telavive] não obteve qualquer vitória” no quadro da ofensiva contra o enclave palestiniano. “O regime sionista não estabelece limites quando se trata de violar as normas internacionais e demonstrou que violou todos os direitos do povo de Gaza”, denunciou.
Por outro lado, afirmou que o Irão “não desempenha nenhum papel” nos ataques perpetrados nas últimas semanas por “grupos de resistência” contra bases militares no Iraque e na Síria, onde estão destacados militares dos EUA, acontecimentos que atribuiu a “uma natural reação” destas formações ao “papel não construtivo” dos norte-americanos e ao “apoio” de Washington aos crimes do regime sionista.
O porta-voz do Governo iraniano também defendeu que “apoiar a Palestina é uma questão permanente” na agenda diplomática de Teerão, pormenorizando que a prioridade é “acabar com a agressão, acabar com o bloqueio [a Gaza], enviar ajuda humanitária” e evitar a transferência forçada da população palestina.
“Tivemos sucessos tangíveis. Agora a questão da Palestina tornou-se uma questão importante para os países muçulmanos”, avisou Kanani. “Felizmente, esta questão tornou-se global e o desejo de pôr fim aos crimes [das autoridades israelitas) é agora um desejo global”, acrescentou, defendendo que Telavive “não cumprirá os seus objetivos se não estiver sob pressão” internacional.
(Notícia atualizada às 13h25 com declarações do Irão)
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