Francesa Alstom vence concurso para fornecer 117 comboios à CP, em consórcio com a DST de Braga

A CP — Comboios de Portugal anunciou esta terça-feira a adjudicação do procedimento para a aquisição de 117 comboios ao agrupamento composto pelos franceses da Alstom e pela bracarense DST. É a maior compra de sempre de material circulante da transportadora ferroviária, no valor de 819 milhões de euros.

Em comunicado, a empresa pública realça que “este projeto promoverá o desenvolvimento e sustentabilidade do setor ferroviário no médio e longo prazo, sendo um marco fundamental na modernização e expansão do transporte ferroviário de passageiros em Portugal”.

Das 117 unidades automotoras elétricas adquiridas pela CP à Alstom e à Domingos da Silva Teixeira, 62 destinam-se ao serviço urbano e as restantes 55 ao serviço regional, ficando de fora a compra de comboios de longo curso. A aquisição, lê-se na nota, reflete “o compromisso da CP em responder às crescentes necessidades de mobilidade dos cidadãos, com soluções de transporte mais sustentáveis”.

A empresa refere ainda que “a incorporação destes novos comboios na frota da CP representa um avanço significativo na melhoria da eficiência, conforto e frequência dos serviços oferecidos, contribuindo decisivamente para a mobilidade sustentável e a diminuição da pegada ecológica no transporte nacional”.

“Sentimo-nos orgulhosos por termos sido selecionados pela CP como o licitante preferido“, afirmou, por sua vez, fonte oficial da Alstom, apontando que a multinacional francesa apresentou à CP “a melhor oferta para o mercado português, cumprindo integralmente todas as condições exigidas no caderno de encargos, estando comprometida com o desenvolvimento local e industrial, e disponibilizando aos passageiros portugueses comboios de última geração”.

Este concurso, que teve início em julho de 2021, recebeu propostas de seis das maiores empresas da indústria ferroviária mundial, nomeadamente Alstom, CAF, CRRC Tangshan, Hitachi, Stadler e Siemens/Talgo. Na altura da aprovação do concurso em Conselho de Ministros, o Governo disse esperar que o primeiro comboio chegue em 2026 e que a totalidade das composições esteja em circulação em 2029.

A proposta do consórcio liderado pela Alstom foi apresentada a 2 de dezembro, tendo o concurso passado à fase de negociações com a empresa em janeiro deste ano. Em abril deste ano, o ECO avançou que a multinacional francesa se comprometeu a abrir uma fábrica em Matosinhos, caso vencesse o concurso público. Segundo a empresa, iria representar cerca de 300 postos de trabalho diretos e 1.500 indiretos.

Na reação ao anúncio da CP, fonte da Alstom reiterou ainda que o compromisso da empresa com Portugal é “absoluto”, já que os comboios que irá fornecer serão “construídos em Portugal, comboios que os cidadãos portugueses poderão chamar orgulhosamente seus”.

Já este mês, soube-se que a primeira classificada no concurso para o fornecimento de 117 novas automotoras elétricas para a CP está a atravessar uma fase de aperto financeiro, tendo anunciado um plano para 1.500 despedimentos e uma venda de 2.000 milhões em ativos, embora tenha assumido que o compromisso com a CP não está em risco.

O concurso foi alvo de contestação por parte da Stadler e da CAF, levando a atrasos relativamente aos prazos inicialmente avançados para a sua conclusão, que se esperava que tivesse acontecido ainda em 2021.

(Notícia atualizada pela última vez às 14h57 com reação da Alstom)